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Amamentação: como foi e como tem sido

Amamentar era um grande sonho, mas como tudo da maternidade precisei viver o processo de dentro e  o de fora (literalmente, transbordando). Amamentar mudou meu sono, minha liberdade, meu corpo, minha forma de comer, beber, vestir e meu tempo pra tudo.

Vou compartilhar aqui com vocês como começou a nossa jornada de amamentação. Vale lembrar que nem tudo sai como a gente planeja ou lê, mas a informação é muito importante, fazer um curso de amamentação foi essencial.

Estamos vivendo por aqui há 4 meses um dia de cada vez e aprendendo a viver no intervalo das mamadas. Nossa história começa com o  Levi nascendo prematuro e indo pra UTI, não tivemos a famosa golden hour: a primeira hora de vida do bebê é conhecida como hora dourada ou hora mágica, o contato pele a pele deve ser estimulado, pois facilita a amamentação, diminui a mortalidade e traz muito benefícios para a mãe e o bebê.

Quando fui para o quarto após o parto eu praticamente esqueci que precisava amamentar, pois estava mais preocupada em saber somente se ele estava bem. Em dado momento uma enfermeira entrou no quarto e perguntou se eu tinha leite, não sabia nem quem eu era naquele momento. Apertei o peito e vi que saiu uma gotinha, ela reforçou que precisava estimular, deu as instruções da UTI e falou para passar no banco de leite.

Quando entrei no banco de leite percebi e entendi fisicamente que precisava amamentar, muito louco como a nossa cabeça funciona na base dos hormônios e emoções, parece que tudo que eu havia lido tinha saído da minha cabeça, até que uma enfermeira muito querida falou para mim:

PEITO É FÁBRICA – eu levei isso dali em diante bem a sério: pedi pro Fabio trazer a bombinha manual e logo no começo saiam gotinhas bem amarelas, que é o colostro.

Absorventes para seios da Mame

Quando vim pra casa, sem o Levi, continuei estimulando. Para mim foi muito esquisito, porque, além de não ter um bebê comigo, meu peito continuou do tamanho que estava, não aumentou depois do parto (o que acontece com muitas mulheres), mas sempre fiquei com o pensamento firme que ia dar certo.

O primeiro contato do Levi com o peito foi depois de uns 2 dias do parto (numa terça-feira), após a fono falar que estava tudo certinho para ele sugar. Ele ainda tava com umas sondas, então era mais complicadinho pra entender a pega.

Foi fundamental o Fabio ter visto todas as informações de amamentação antes comigo porque nos primeiros momentos de a amamentação era ele que me lembrava de muita coisa, me incentivava e não me fazia esquecer de respirar.

Na UTI Neonatal eu tive muito suporte das enfermeiras, então toda informação eu sugava delas pra conseguir dar o meu melhor.

De quarta para quinta daquela semana, quando voltei para casa, comecei a me sentir febril, nisso lembrei de uma amiga que disse que quando a gente se sente meio febril, como num início de resfriado, pode ser que seja o leite descendo, dito e feito.

Eu não senti muita dor quando o leite desceu, isso vai muito de corpo pra corpo, mas imagino que seja porque eu não tive tanto estímulo imediato, e a coisa foi mais “devagar”.

Nada das informações que eu havia lido e visto eu estava sentindo: meu peito tava do mesmo tamanho, sem veia saltada, eu não estava sentindo dor… e vou te falar que tudo o que eu mais queria era que tivesse acontecido de acordo com o que eu já tinha lido do que lidar com aquela insegurança.

Mas seguimos, a gente ia todos os dias para a UTI, eu dava o peito e quando necessário elas davam fórmula para completar. Quando Levi saiu da sonda ele perdeu um pouco de peso,

fiquei bem preocupada, mas elas me explicaram que é normal, porque pela sonda não tinha tanto esforço do bebê, a amamentação é um exercício para eles, então logo ele recuperaria o peso e foi assim que aconteceu.

Algo muito importante e que fez toda a diferença nesse começo assim como até hoje é o funcionamento em família que precisou e precisa ser totalmente focado e em sintonia para que o Levi seja amamentado.

Quando Levi foi para casa a gente precisava acordar ele nas horas de amamentar, porque prematuro dorme como se estivesse ainda na barriga. O dia que ele acordou sozinho pra mamar nós brincamos falando que foi quando ele acordou pra vida.

Agora vamos falar do quesito: dor. A pega do Levi era muito fraquinha no início, depois do primeiro mês eu senti mais, pois eu ainda estava entendendo que conforme ele ia crescendo que precisava ir adequando a forma que pegava no colo, que ajeitava a pega; e ter a pega correta é imprescindível para não machucar.

A pega correta consiste em:

– Grande parte da aréola na boca do bebê, não apenas o mamilo.

– O nariz não encosta no seio

– O queixo fica encostado no seio

– Barriga e tronco do bebê voltado apra a mãe

– Lábios virados para fora

– A bochecha enche quando suga o leite

Fonte: Grávidas Antenadas

Enquanto estava neste processo de arrumar a pega machucou bastante, às vezes a gente só quer um tempinho a mais pro peito se reconstruir. O que ajudou bastante foi tomar sol no peito, passar o próprio leite para hidratar, passar uma água, secar… Tudo neste ciclo entre uma mamada e outra.

O desconforto durou uns 10 dias e foram bem difíceis. O que eu digo é : confiem no corpo de vocês, mas peçam ajuda. Não dá pra medir a dor de cada pessoa.

Procurem os bancos de leite que a consultoria é gratuita e/ou consultorias de aleitamento materno, existem ótimas profissionais no mercado.

Eu imaginaria que amamentar seria um trabalho árduo, mas não tinha ideia do quão desafiador é passar pelo desgaste físico e mental, hoje a minha maior meta é conseguir amamentar o Levi até o fim do ano.

Vou deixar aqui também itens que ajudaram e me ajudam na amamentação:

– Sutiã de amamentação: é algo bem pessoal, vai de tamanho e com o que você se sente confortável. Eu gosto dos que tem tecido mais molinho.

– Um lugar confortável: sofá cama nos ajudou muito, a poltrona não ia dar certo porque sou mais espaçosa.

Absorvente para seio: estou usando o reutilizável em casa e o descartável quando preciso sair.

Rosquinha para seio: dá pra comprar pronta ou fazer com fraldinha de boca. Eu colocava no início dentro do sutiã e ajudava o peito a cicatrizar, pois o mamilo fica livre para respirar e não fica raspando no tecido da roupa.

Blusa de amamentação: adaptar roupa é o que eu mais fiz; precisa ser prático.

Lembrem-se: cada família tem a sua história e a gente precisa se apropriar da nossa. 

Uma mulher ex-especialista de sistemas, hoje fotógrafa, escritora, life Coach pós graduando em Psicologia Positiva, podcaster e youtuber. Casei com o meu melhor amigo barbudo, gaúcho do interior e produtor musical chamado Fábio, que quase não dá bola pra essa coisa internética e vive de chinelo no pé.

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