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Conheça a história do Atelier Claudia Aparecida – São José/SC

Atelier Claudia Aparecida – Santinhos em Biscuit


Minha história com o artesanato se resume a uma palavra: PAIXÃO. Apaixonada por artesanato, meu passeio favorito é visitar feiras e lojas de artesanatos. Quando conheço um lugar novo, tenho necessidade de conhecer o artesanato local pois este mundo me fascina. É simplesmente maravilhoso saber e ver que, mesmo com toda tecnologia em nossa volta, ainda existe muita criatividade e imaginação. O que mais me interessa nesse mundo é o fato de, por exemplo, um pedaço de madeira se transformar em uma bela escultura. Para esta transformação foi preciso muita criatividade, imaginação, habilidade de um artesão mas principalmente AMOR. Essa palavra, apesar de pequena, empreende uma força muito grande em tudo que fazemos. Minha mãe sempre diz: “TUDO que fazemos com amor e carinho é abençoado”. Quando ela diz TUDO, inclui tudo que fazemos no dia a dia. E como o grande mestre Wolfgang Amadeus Mozart da música costumava dizer: “Para fazer uma obra de arte não basta ter talento, não basta ter força, é preciso também viver um grande amor”.

Hoje vejo que essa minha grande paixão vem desde criança. As brincadeiras pra mim tinham graça quando fazíamos os brinquedos. Fiz muito jogo das “5 Marias”, carrinhos de latas, casa de bonecas com caixa de sapatos, fantoches, teatrinhos de caixa de papelão, pipas (pandorgas) e outros brinquedos. O divertido pra mim era o fazer.

Filha de costureira, o dinheiro era pouco na minha infância e adolescência e por isso muitas coisas fazíamos em casa. Ainda na minha juventude, minha mãe me ensinou os primeiros pontos do tricô e crochê e, nessa época fiz muitas blusas de lã, toalhas e colchas de crochê. Também aprendi a fazer quadros de tapeçaria. Acabei de me lembrar de algo que eu e minha avó fazíamos muito na minha infância – tapetes com sacas de batatas e tirinhas de retalhos de tecido, hoje é a técnica do amarradinho. Ficavam lindos, principalmente os coloridos.

Nos primeiros aniversários do meu filho eu confeccionei toda a decoração da festa, painel de parede, enfeites de mesa, lembrancinhas e docinhos. Depois, aprendi pintura em tela, utilizando tinta à óleo. Mas foi no ano de 1999, quando estava terminando o curso de Pedagogia na Universidade do Estado de Santa Catarina, que descobri o biscuit. Precisava fazer um trabalho onde tinha que contar uma história com ilustração tridimensional, conforme os livros do Marcelo Xavier, publicitário e artista plástico, que molda personagens e objetos de cena em massa plástica que, depois são montados em pequenos cenários e fotografados para ilustrar seus livros. E foi procurando em revistas que encontrei uma receita de biscuit. Na época era com formol e quase desmaiei quando estava mexendo a massa no fogão, mas modelei uns tomates e cenouras rsrsrs. Depois de alguns meses encontrei outra receita de massa de biscuit, sem formol, e metida que era, testei novamente. Comprei várias revistas de biscuit, para aprender a modelagem e, lá estava eu, curiosa, tentando transformar uma massa transparente em algo. Esse fato me fascina até hoje, ver uma simples massa se transformar em uma escultura.

Comecei a modelar biscuit por curiosidade e brincadeira, nunca imaginando que um dia conseguiria realizar os trabalhos que faço hoje. Sou virginiana e, com isso, muito detalhista e perfeccionista. O início nunca é fácil, como tudo na vida, mas fui tentando e entre erros e recomeços consegui aprender e aperfeiçoar. Pra mim, era como voltar à infância, brincar com massa de modelar. Minha primeira encomenda foi vários potinhos com coelhinho para a Páscoa. Tomei gosto pelo biscuit e comecei a fazer de tudo: ímãs, vidros, puxa-sacos, lembrancinhas, entre outros.

Em 2004 consegui uma vaga em uma Feira de Artesanato na praia da Lagoa da Conceição em Florianópolis. Trabalhei 3 anos nessa feira, fazendo e vendendo diferentes ímãs, lembrancinhas, kits para cozinha e porta jóias. Durante essa época fiz algumas au
las de biscuit para aperfeiçoar a técnica de modelagem, pois até então, eram as revistas minhas professoras. E, também, fiz aulas de pintura em madeira para unir peças de MDF com biscuit. Em uma dessas aulas aprendi a fazer o santo São Francisco, mas não cheguei a vender na feira pois, fiquei sem carro em 2006 após me separar. Eu precisava de um transporte para as peças que na maioria eram caixas de MDF com detalhes em biscuit.

Mas, como a minha mãe sempre diz: “Deus fecha uma porta, mas, também, abre uma janela” e, essa janela foi aberta através do santo São Francisco. Fiz alguns santinhos para uma pessoa que revendia em São Joaquim e cada vez que chegava um pedido vinha, também, novos santos que eu não conhecia. Assim, comecei a modelar vários santinhos e, até hoje, aparece algum pedido de santinho ou santinha que não conheço. E, quando isso acontece, começo minhas buscas na net para encontrar a sua imagem, sua história e sua proteção.

Mas o meu atelier começou a caminhar mesmo, quando em 2007, minha cunhada encontrou uma nova loja de artesanato em um Shopping de Florianópolis. Foi através desta loja que eu passei, realmente, a fazer somente santinhos. Lá fui eu, com um santinho de cada tipo que fazia na época e, também, rezando para a Nossa Senhora Aparecida para que iluminasse a negociação.

Hoje, trabalho com esta loja e com a minha lojinha virtual no Elo7.

Algumas pessoas podem me conhecer pelo nome do meu fotoblog – “Claudiarts” – mas quando fiz o cadastro no Elo7 este nome já estava cadastrado e então resolvi começar uma nova fase com o Atelier Claudia Aparecida.

Todos os santinhos são modelados manualmente, nenhuma peça é feita com moldes, nem mesmo as mãozinhas e dedinhos dos pés. Tenho a ajuda de minha mãe, que faz alguns detalhes como os cabelos (lã) dos anjos, as sacolinhas do santo São Longuinho, recortar as bases de feltro que são colocadas embaixo de cada santinho, recortar os mantos da Nossa Senhora Aparecida, entre outros detalhes.

Toda vez que termino um pedido peço a Deus que ilumine cada santinho e que eles levem muita paz e alegria aos lares para onde estão indo.

Quero agradecer ao Elo7 por este lindo trabalho de estar divulgando o artesanato brasileiro, à Mônica por este espaço para contar a história de cada artesão e, principalmente, aos clientes que já receberam e aos que vão receber os santinhos. Muito obrigada pela confiança.

Um grande abraço,
Claudia Aparecida de Sena Santos

“Nunca perca a fé na humanidade, pois ela é como um oceano. Só porque existem algumas gotas de água suja nele, não quer dizer que ele esteja sujo por completo.”
(Mahatma Ghandi)

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