Um beijo,
Mônica Ipolito.
Minha história com o tear é ancestral, uma história de amor e busca. Meus antepassados foram artesãos e meu pai era tecelão, mas eu dei muitas voltas, como um alquimista procurando meu tesouro sem saber que ele estava em minha alma… Cheguei a ser compositora e intérprete, até gravei CDs, escrevi crônicas e poesia com livros publicados, mas havia um vazio a ser preenchido.
Nos idos anos 70 saí do Brasil e fui morar nos Estados Unidos, onde conheci meu primeiro marido mexicano e depois passei a morar no México. Nesses dois países o artesanato é valorizado de uma forma encantadora. Meus olhos se enchiam da beleza de cores e texturas dos teares mexicanos e eu lamentava não ter tempo para estudar a arte do tear até que o Universo tratou de presentear-me com esse “tempo”. Perdi meu emprego aos 49 anos de idade e mergulhei em profunda depressão…
Nessa época já morava em Catanduva e pensei em me mudar para Minas, mas não conhecia nenhuma cidade de lá. Sem rumo e após pesquisa na internet fui parar em Itanhandu, uma pequena cidade de Minas Gerais e então, com tempo, fiz um curso relâmpago de tear manual de pente liço. Voltei para Catanduva depois de uma semana sem tear nem dinheiro para comprar um, mas já estava apaixonada pelo tear. Foi então que pedi dinheiro emprestado para comprar meu primeiro tear. O tear chegou enquanto ainda morava em Catanduva e depois de 3 meses tentando mudar-me para Itanhandu, consegui.
Voltei para Catanduva depois de 3 anos isolada em Minas decidida a ter meu ateliê. Nasci em Sampa, mas sou filha adotiva de Catanduva que abriu seus braços para mim como uma verdadeira mãe. Nessas alturas estava divorciada do meu quinto marido, um artista plástico francês que continuava sendo meu melhor amigo e companheiro de jornada. Na época ele estava sem marchand e num momento difícil, propus a ele aulas de tecelagem. Ele aceitou relutante mas claro que foi fisgado pelo tear. Hoje é meu sócio e faz a parte de tecelagem artística, pois cada um acaba levando o tear para dentro de si como uma extensão do seu corpo para expressar seus talentos. Unimos forças, vendi meu carro e compramos o terreno ao lado de casa para montar o atelier. Foi um período horrível de pedreiros e espera. Eu havia feito um curso de fiação, porque sempre quis tecer com meus próprios fios e não podia fiar. Os fios estavam lá, como num casulo esperando a hora da transformação,. Daí é que surgiu o nome “Casulo dos Fios”.
Ateliê pronto e a dúvida de como vender… Começamos pela internet e eu dizia ao Chéri (meu sócio) “Não temos que mudar de cidade, a internet é um portal para o mundo…”. Até que recebi um e-mail convidando-me para abrir uma loja virtual no Elo7 e esse portal está aberto para nós há um ano. Com a parceria do Elo7 e nosso amor pelo que fazemos podemos sobreviver com alegria da nossa arte e cada cliente tem se tornado também um parceiro e amigo. Quando recebemos e-mail do Elo7 “Você tem um novo pedido de compra” é como se fosse o primeiro, uma alegria que se renova a cada venda, a cada sensação de ter uma cria nossa seguindo seu destino, porque acredito que cada peça que produzimos já está destinada a uma pessoa.
Atualmente, durante a estação Outono/Inverno tenho me dedicado aos xales, cachecóis, ponchos e o Chéri voltou a p
intar, pois conseguiu finalmente um bom marchand, mas sempre estamos pensando adiante e ando “encasulando” novas ideias para tapetes, jogos americanos e panôs. Se bem que, ano passado, mesmo após o período de frio continuei vendendo cachecóis para lugares como Bahia, Manaus etc. É incrível como os clientes chegam de toda parte do Brasil, além das remessas que fazemos para a França e para o México em função de amigos e parentes que temos por lá. Os franceses especialmente, ficam encantados com nossas criações.
Claro que o caminho tem obstáculos e nem tudo são flores, mas a cada obstáculo uma força surge, a criatividade aumenta e vamos evoluindo e transformando nossa produção, seja com fios diferenciados, novas texturas, com promoções ou revisando nossos preços.
Amigos comentam como é extraordinário que possamos viver fazendo o que mais amamos e ainda ter um retorno financeiro por isso. Eu acho que só é possível sobreviver com alegria do nosso trabalho quando ele é feito com nossa melhor energia, com carinho, honestidade e prazer, daí o retorno é apenas uma consequência!
Quero aproveitar a oportunidade e agradecer o Elo7 pela parceria de um ano com um atendimento impecável, orientando e aceitando nossas sugestões, à Mônica, uma simpatia que ainda pretendo conhecer pessoalmente, pela oportunidade de contar nossa história e a todos os clientes, hoje amigos, que fazem possível nosso sucesso.