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Elosetter em destaque: Lady of The Wood

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Não é fácil chegar na casa/ateliê da elosetter Mariana, da Lady of the Wood. Tem que pegar estrada, rua de terra e seguir “todavida” pra chegar… Mas aí você chega e entende por que ela escolheu assim. Ao menos eu entendi e tenho a maior vontade de fazer o mesmo!

Cercada de verde, Mariana vive com a família em uma chácara linda, apenas com sons de pássaros ao redor e vista de árvores na janela. As peças trazem referências de outros tempos e lugares. Fico feliz em ter a oportunidade de conhecer uma história como a de Mariana e um trabalho tão inspirador. Saí de lá com meu vestidinho, que há tempos ensaiava comprar, muita admiração, uma nova amizade e terra nos sapatos. :)

lady of the wood

Conte um pouco sobre você e a origem da Lady of The Wood
Meu nome é Mariana, tenho 35 anos, sou casada, tenho um filho de 2 anos e uma filhota-canina-adotiva de 9 anos. Estar em meio à Natureza é a minha religião. Sempre amei as artes em geral, artes manuais, dança, música, livros, cinema e estudar e pesquisar sobre algo novo.

Sou formada em arquitetura (PUC/CAMP), mas confesso que o longo processo entre a ideia arquitetônica sair do papel e virar um objeto concreto me frustrou. Como eu costurava desde muito jovem e adorava, começou a surgir em mim o desejo de viver disso e me profissionalizar. Senti que precisava de embasamento teórico e maior conhecimento na área, por isso procurei a pós-graduação em Moda na Santa Marcelina (SP) e me encontrei.

A ideia da Lady of The Wood foi surgindo durante o curso, entre diversos questionamentos que começaram a surgir. Será que o único caminho para a Moda é assimilar tendências impostas, de fora pra dentro? Será que um país tropical e único como o Brasil precisa usar como referência as passarelas internacionais? Qual a origem deste ideal de beleza e perfeição inatingíveis? Qual é a mulher-referência para a produção de Moda e por que ela é tão irreal? Porque aplaudimos modelos anoréxicas nas passarelas? Como estamos lidando com o Feminino na atualidade?

Para respondê-las, iniciei uma extensa pesquisa sobre como o Feminino é abordado em nossa cultura contemporânea. Minha monografia foi intitulada Lady of the Wood: O Resgate do Feminino. Ali, naquele material, nasceu a Lady of the Wood, a Senhora da Floresta. Hoje ela é uma marca registrada, mas também é a inspiração máxima para as minhas criações e abençoa meu trabalho. Em meu ateliê, tem relevância absoluta a idéia de uma mulher livre, verdadeira, completa e autêntica, que não precisa se vincular a tendências de moda para se sentir inteira. É o resgate do princípio feminino perdido em meio à realidade contemporânea.

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Como você descobriu o Elo7?
Descobri o Elo7 por uma sincronicidade incrível. Estava caminhando próximo ao atelier de uma amiga, que era então apenas conhecida, e resolvi entrar. Na época eu já tinha uma lojinha virtual da Lady em outro portal que me trazia muita dor de cabeça. Na hora ela me falou do Elo7. Cheguei em casa, entrei no Elo7 e não consegui acreditar, era tudo o que eu precisava. A proposta de trabalho, o layout do site e o tipo de usuários que o portal agrega foram a resposta às minhas preces. Montei a loja rapidinho e as vendas começaram a aumentar exponencialmente. Mesmo as clientes mais antigas que compravam presencialmente começaram a visitar a página da Lady no Elo7 frequentemente, como uma grande vitrine virtual para ver as novidades. O Elo7 tinha tudo a ver com a Lady.

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Como é ter uma jornada tripla envolvendo um negócio criativo?
Atualmente eu divido meu tempo entre a Lady of the Wood, um trabalho paralelo que faço como tradutora e intérprete e ainda ser uma mãe presente para o meu filho de dois anos. É uma jornada tripla que traz delícias e desafios, como tudo na vida.

Creio que o desafio principal é ter um mínimo de disciplina, organização e principalmente concentração. Sem planejamento e foco nenhuma das atividades pode ser bem-feita. Por outro lado, todas estas atividades paralelas se complementam, proporcionam experiências diversas e enriquecedoras e se auxiliam. É algo comum no meu dia a dia ter uma ideia incrível para uma peça enquanto estou brincando com o meu filho, finalmente descobrir uma palavra adequada para uma tradução enquanto estou costurando e bolar uma brincadeira nova enquanto estou à frente do computador traduzindo um texto. Mas essa habilidade é natural da mulher, de ser multimídia, multifuncional, de se transformar num polvo com muitos tentáculos.

Qual foi o seu maior desafio, maior arrependimento e a sua maior conquista?
Eu não diria que tenho qualquer arrependimento porque tudo que vivemos traz aprendizado e nos torna pessoas melhores, mais experientes, mais esclarecidas. Mas se eu pudesse viajar para o passado, teria acreditado no meu próprio negócio criativo com mais rapidez e teria me apropriado das minhas ideias com mais ousadia logo no início. É natural que enfrentemos uma certa oposição quando propomos algo novo, mas se eu pudesse fazer de novo, acreditaria na minha ousadia com tranquilidade. Foi esse também o maior desafio: defender com convicção as minhas ideias e protegê-las para que elas não se transformassem em outra coisa. Proporcionar o tempo e o espaço necessário para que a Lady se desenvolvesse.

A maior conquista e o meu maior orgulho é ter hoje já construída uma identidade marcante para a Lady of the Wood. E claro, a relação próxima que tenho com as clientes. Normalmente o perfil da cliente Lady tem tudo a ver com aquilo que eu sou como pessoa. O resultado disso é estar em contato prazeroso com mulheres que são, digamos, da mesma tribo que eu de alguma forma. Hoje posso dizer que tenho amigas espalhadas pelo Brasil, porque certamente elas são bem mais do que clientes. É uma grande realização. A coisa mais gostosa é você receber um email com uma foto da pessoa, que mora em outro Estado, vestindo a peça da Lady e o relato de algo incrível que aconteceu com ela naquele dia. Sinto-me honrada e feliz por meu trabalho ter tocado a vida dessas pessoas de alguma forma.

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Quais são as suas estratégias de marketing e divulgação?
O contato direto via e-mail é uma parte importante da minha divulgação, anunciando novidades, lançamentos etc. Tenho um mailing list que é constantemente atualizado, com todas as pessoas que já compraram ou já solicitaram informações sobre a Lady desde que ela existe. Recentemente inaugurei a página oficial da Lady no Facebook e já tenho planos de divulgação em outras redes sociais que em breve serão colocados em prática. Mas, estatisticamente, nestes anos, comprovei que boa parte da minha divulgação é feita por recomendação pessoal das clientes. É muito comum postar uma peça para outro Estado e em seguida chegarem mais pedidos de outras pessoas da mesma cidade por recomendação desta compradora inicial.

De onde você tira inspiração para criar?
Minha inspiração vem da combinação de uma série de influências. Eu leio muito, pesquiso muito e acesso catálogos internacionais, revistas e sempre estou a par do que as passarelas apresentam, mas isso não significa que eu assimile estas tendências sem filtros.

Garimpar tecidos e materiais diferentes em lojas é um exercício criativo quase que espontâneo e incontrolável. Os tecidos normalmente me dizem no que querem se transformar. Também ganho tecidos de pessoas queridas quando viajam para algum lugar interessante, e eles também conversam muito comigo.

Assistir filmes, ler livros, poemas, observar uma pintura, tudo isso mobiliza a criatividade… Tudo que me sensibiliza e me emociona de alguma forma se transforma em impulso criativo. Minha maior fonte de inspiração são histórias de vida reais e interessantes. Há um livro chamado “100 mulheres que mudaram a História do Mundo”, de Gail Meyer Rolka, que adoro. Para mim todas essas histórias são extraordinárias e sempre servem de energia para criar.

entrevista elo7 lady of the wood

Qual das suas criações é mais aceita pelos clientes a que fato se deve o sucesso dela?
Aqui tenho que citar três modelos que foram igualmente “best-sellers” nestes anos. A calça alfaiataria, os quimonos e o modelo que chamo de bata-vestido. A calça alfaiataria teve uma pesquisa de modelagem que durou meses e chegamos por fim num modelo que faz sucesso porque veste muito bem qualquer tipo de corpo. O quimono teve desenho e modelagem baseados no quimono tradicional japonês, mas foi trabalhado para criar um resultado mais descontraído e original. É uma peça inusitada, diferente, que não se vê com muita frequência e valoriza o corpo. Já a bata-vestido exprime precisamente a personalidade da Lady of the Wood: delicada e feminina, sempre bem trabalhada e rica em detalhes.

Qual conselho daria para alguém que está começando agora a vender suas criações online?
Por mais lugar-comum que isso possa parecer, a minha sugestão é seguir o coração. O processo criativo vem de um lugar emocional, íntimo e nuclear dentro de nós. Uma ideia quando nasce, nasce pura e tem um impulso próprio que nos conduz ao lugar certo se conseguirmos nos acalmar para sentir qual é a direção para onde o vento sopra. Esta ideia pode ser qualquer criação, uma peça de roupa, um desenho, um efeito diferente, um tipo de acabamento, ou coisas mais ousadas como um novo tipo de produto ou uma loja on-line inovadora que apresenta ideias inéditas. Mas quanto mais racionalizamos e acreditamos que há certas regras e fórmulas que devem ser obedecidas, mais nos afastamos da pureza da ideia inicial com a qual fomos presenteados.

Eu dou risada ao me lembrar de quantos “especialistas” encontrei em meu caminho que me disseram “isso não vai dar certo”, “isso não se faz assim”. É certo que precisamos ser flexíveis, maleáveis. A própria natureza é assim, movimento. Mas hoje em dia meu consultor oficial para qualquer assunto é o meu coração e esta foi a maior lição que aprendi na minha vida.

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Quais são os planos para o futuro da sua loja?
Eu diria que o principal plano para o futuro é aumentar a minha produção para suprir não somente a demanda das clientes, mas minha própria demanda de ideias. Hoje em dia ando com um bloquinho na bolsa e os desenhos e personagens simplesmente vão pipocando na minha mente. Vou anotando, desenhando. As minhas ambições são pequenas. Não vejo sentido em criar um trabalho que cresça tanto a ponto de se descaracterizar e comprometer a minha qualidade de vida, o tempo que passo com a minha família e as minhas noites de sono.

Eu adoro esse esquema de trabalho em que tenho controle sobre o processo como um todo, além de conseguir manter tudo em um nível que é pessoal, mesmo com as clientes novas. Mas estou estudando formas efetivas para viabilizar que estas ideias todas saiam da minha cabeça com mais rapidez e transformem-se em peças construídas, para que elas parem de me “atormentar” (risos).

Cite até três artesãos do Elo7 que você é fã.
A Andrea Salomão da Villa da Cor é de uma criatividade e de um bom humor incríveis, além de ser uma amiga querida. Seus painéis de “cute work” enfeitam e colorem a minha cozinha.
Como não falar da Vera do atelier Mão na Massa? Eu hoje em dia só uso brincos dela e fico viajando nos detalhes das florzinhas tão miudinhas e cuidadas, dá pra ver o amor que tem ali.
E as fadinhas do Atelier Pirilampo e suas personalidades! Tenho certeza que essas fadinhas tomam chá no fim da tarde com a Lady of the Wood, lá em outra dimensão. A fadinha Mel veio para o Natal e a Amora veio porque é estilista e eu estava precisando de uma assistente de estilo – hoje elas moram no meu atelier. Sou fã de carteirinha das 3!

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