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Entrevista com Cláudia Kuba da Dolls Boutique – Guarulhos/SP

Quando vi o trabalho da Cláudia Kuba da DOLLS Boutique no Elo7, apaixonei-me à primeira vista. Impossível não gostar das bonecas e bonecos maravilhosos que a Cláudia faz. Além de muito originais e benfeitos, é possível facilmente identificar que são da DOLLS Boutique, marca que a Cláudia criou. Essa identificação imediata do produto à marca cria uma relação de confiança enorme com os clientes e permite a divulgação da marca/produtos com muito mais rapidez e facilidade.

Espero que gostem de mais essa entrevista especial e aguardem nossa nova seção do blog Artesão Profissional chamada “Conte sua história”.

Um beijo a todos e boa leitura,

Mônica Ipolito.


Cláudia, conte-nos um pouco como tudo começou. Como surgiu a DOLLS Boutique? Fale um pouco sobre você e seu trabalho.

O meu amor pelo artesanato craft vem de criança. Sempre fazia meus próprios brinquedos e devia ter uns 10 anos quando fiz a primeira boneca, baseada numa revista japonesa que uma prima tinha. Quando adolescente gostava muito de reformar e customizar roupas antigas. Mas com o tempo abandonei tudo. Em 2000 fiquei grávida do meu filho. Como foi uma gravidez de risco, passei a gestação inteira em repouso. Não podia sair pra comprar nada pra ele, então resolvi fazer tudo sozinha: o quadro pra porta da maternidade, as lembrancinhas e parte do enxoval. Logo após o nascimento dele, comecei a produzir e vender umas peças numa loja de artigos para bebê no interior de São Paulo. Logo depois levei 2 quadros pra uma revista de decoração infantil, e foi assim que um ateliê de SP me conheceu e contratou os meus serviços de forma exclusiva. Trabalhei como colaboradora deste ateliê por 5 anos. Após 2 anos longe das bonecas, resolvi que era hora de voltar. Percebi que as vendas on-line estavam a todo vapor, que o investimento seria mínimo, e que poderia voltar a produzir e vender de forma diferente, direto ao consumidor. E foi assim que a DOLLS boutique surgiu.

Hoje você busca no artesanato uma fonte de renda, um meio de aliviar o stress ou ambos? Você exerce alguma outra profissão em paralelo?

Trabalhei numa companhia aérea japonesa por 8 anos. Tive de abandonar esta profissão para poder ter o meu filho. Tudo aconteceu muito rápido, de maneira que não tive como pensar em optar entre retornar ao mercado de trabalho ou transformar meu hobby em profissão. Desde então tenho o artesanato não só como minha fonte de renda, mas também uma maneira perfeita de extravasar a minha curiosidade, ansiedade e inquietação.

Conte-nos sobre seu modo de trabalho e sobre os produtos que faz. Quais os tipos de produtos, as principais características e diferenciais de cada um, as matérias primas, os materiais e equipamentos utilizados.

O meu trabalho começa sempre a partir de uma historinha, de uma vontade que tenho sempre de retratar e materializar cenas e personagens que me agradam. Daí nascem os quadros e as bonecas. Sempre faço meus próprios moldes e os bordados sempre à mão. Procuro utilizar apenas os tecidos de algodão, que são agradáveis ao toque, dando às mamães a sensação de “coisa fofa”. Procuro ter um cuidado especial no acabamento e a minha obsessão maior é por costurar reto. Talvez não me utilize tanto de outros materiais ou técnicas por não saber exatamente como usá-los, pois nunca fiz cursos de corte e costura ou pintura. Mas estou sempre experimentando fazer tudo o que acho bonito, e procuro incorporar esses experimentos ao meu trabalho.

Você trabalha sozinha para a DOLLS Boutique ou tem uma equipe? Você tem um ateliê ou compartilha espaços de casa para suas criações?

Há 2 anos, quando vendia pra um ateliê de SP, além de ter um espaço próprio tinha também 3 funcionárias fixas e alguns trabalhos terceirizados. Mas desde o começo deste ano, quando resolvi criar minha própria marca e ter a loja virtual, venho trabalhando sozinha, e disponibilizo um espaço dentro da minha própria casa para criar e produzir meus produtos. O meu próximo passo para expandir a produção é terceirizar algumas etapas do processo, mas sempre com cuidado e atenção para que o produto não perca a qualidade e a característica handmade. Tenho também certa dificuldade em delegar funções, talvez por ser perfeccionista demais
, mas estou convencida de que não posso e nem tenho condições de fazer tudo sozinha, que preciso passar adiante algumas funções para que eu possa ter o tempo necessário para criar novos produtos.

Que características considera diferenciais nos seus trabalhos? Quais são suas principais qualidades como artesã?

Tem muita, mas muita gente que faz boneca, então se eu não fizer a diferença, alguém vai fazer ! Então procuro ter um cuidado especial não só na produção final, que seriam um laço perfeito ou um bordadinho feito à mão, mas também no que não está à vista, como o acabamento, a parte interna das roupas. Os cabelos de minhas bonecas são costurados à mão, fio a fio; as roupas têm velcro ou botões, e podem ser retiradas e lavadas. Tento imprimir um controle rígido de qualidade, seja no material que utilizo ou na execução. Todo e qualquer detalhe faz a diferença, uma etiqueta, a embalagem que acolhe e expõe o produto, um tag com a marca da loja, tudo isso faz com que o cliente sinta que o produto adquirido tem procedência, história, cuidado e profissionalismo.

O que você considera um produto artesanal com qualidade? Quando analisa um produto de um terceiro, o que considera como essenciais para que o produto seja vendável e agrade aos clientes?

Com a internet a todo vapor, todos podem acompanhar o imenso tsunami de crafters que está entrando em cena muito rapidamente e já está saturando o mercado com um absurdo de cópias e peças clonadas. Portanto, pra mim é essencial que o artista tenha acima de tudo uma espécie de marca pessoal “tatuada” em seu produto, uma identidade própria, um produto original e bem executado. Algo que dispense etiquetas ou assinaturas, você olha e reconhece o autor.
O que você acha do mercado de produtos feitos à mão no Brasil? Quais as perspectivas, desafios e dificuldades de se atuar nesse mercado hoje?

Eu acredito muito no potencial do “craft”, que seria a meu ver um artesanato repaginado, onde as técnicas tradicionais (crochet, tricô ou costura) são utilizadas para a criação de um produto atual e moderno. As brasileiras são muito antenadas e criativas, e os crafts produzidos aqui concorrem facilmente com a avalanche de industrializados “made in china” que invadem as lojas. Observo que as pessoas estão mais conscientes do que é correto e saudável pro nosso planeta, essa conscientização tem valorizado muito o handmade, tornando o mercado bastante receptivo.

Uma das dificuldades de se atuar na área seria a liberdade total que se tem quando não existe uma rotina em funcionamento, uma equipe ou um chefe a lhe cobrar ou delegar funções. Sem disciplina e planejamento o dia passa, você produz menos e consequentemente deixa de faturar. Não podemos achar que apenas o amor à arte vai nos fazer vitorioso. É preciso ter visão profissional, muito estudo, dedicação e principalmente disciplina.

Qual o diferencial e valor que o artesanato pode agregar?

A forma impessoal e padronizada dos funcionários e atendentes de lojas é algo que me faz ver como é bom adquirir um produto handmade. A relação direta entre o artesão e o cliente é muito prazerosa, o cuidado especial com que o artesão cuida de seu cliente, procurando sempre atender às suas expectativas é algo que não se encontra em lugar algum. Essa atenção toda nos faz sentir especiais, únicos, exatamente como a peça confeccionada.

Mas o grande diferencial que o artesanato trouxe à minha vida foi a possibilidade de ter a minha independência financeira sem ter de abrir mão de cuidar, educar e ter sempre meu único filho perto de mim. Numa época em que não podemos mais contar com as avós para cuidar de nossos filhos (como era antigamente) uma vez que elas trabalham, não gostaria que a educação de meu filho ficasse em mãos de quem não conheço, que ele ficasse à mercê da mídia, que se guiasse a partir das informações e exemplos que vê na televisão. Penso que isso seria desastroso.

Onde e como você costuma vender e divulgar seu trabalho? Você utiliza que técnicas de venda e de divulgação?

Vendo meus produtos através da internet, essa grande vitrine que hoje possibilita que o meu artesanato chegue até o consumidor. O Elo7 teve um papel imprescindível para que eu conseguisse credibilidade junto aos meus clientes, viabilizou o comércio do meu trabalho de forma segura e profissional. É muito bom poder dizer às minhas clientes: “…Conheça minha loja virtual, lá você pode conferir todos os meus produtos à venda e checar preços.”
Como forma de divulgação me utilizo do Flickr, fotologs, MSN, orkut…mas ainda acho que a melhor propaganda é o boca a boca. Minhas clientes são sempre muito amáveis e estão sempre a me indicar para amigas e conhecidos.

Você conhece algum lugar que pode ser considerado o lugar indispensável para quem faz artesanato? Um site, uma feira, uma cidade, uma loja etc?

Penso que tudo vai depender de quem faz a arte. Se for relativo à compra de material, nada como a 25 de março. Lá se pode achar de tudo, basta saber garimpar e ter um pouquinho de sorte. Mas a minha maior fonte de inspiração se encontra nas grandes livrarias (Fnac, Livraria Cultura), em feiras de antiguidades (Feira do Masp, Benedito Calixto) e em filmes e desenhos antigos.

Você tem algum hobby que gostaria de citar? Além de seu trabalho na DOLLS Boutique, o que mais gosta de fazer?

Amo fotografia ! Houve um tempo em que me dediquei bastante, fiz cursos e tenho uma câmera semi-profissional e algumas lentes. Mas como ela não é digital, acabo usando mais a compacta. Amo fotografar minhas peças, o que ajuda muito na divulgação do meu trabalho, uma vez que na internet a imagem é tudo. Às vezes chego a tirar mais de 50 fotos de um único produto, sendo que apenas uma será utilizada.

Para fechar, se você tivesse alguns minutos para contar tudo sobre sua vida e seu trabalho, o que você diria?

Tenho uma família maravilhosa, um filho perfeito, e sou completamente realizada com o meu trabalho. Não vivo sem música e não suporto mau humor. Preciso sempre estar de bem comigo mesma e com as pessoas do meu convívio. Adoro conversar, fazer novas amizades e principalmente conservar os bons amigos. Acho imprescindível estar em contato com pessoas que tem bom astral e senso de humor. O otimismo e os bons pensamentos estão sempre comigo e me considero uma pessoa de muita sorte em todos os sentidos. O meu trabalho tem me possibilitado estar sempre com meu filho e fazer muitas amizades, o que o torna muito mais prazeroso e gratificante.

Visite a loja Dolls Boutique no Elo7: https://www.elo7.com.br/dollsboutique/

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