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Entrevista com Fabiana Gigli

Como tudo começou?

A idéia das bolsas surgiu há cerca de dois anos, quando procurava bolsas diferenciadas para mim. Encontrei algumas coisas bem legais, me apaixonei pela idéia e comecei a desenvolver meus modelos.
Mas o artesanato faz parte da minha vida há algum tempo. Quando entrei na faculdade fazia bijuox.

Sou formada em Jornalismo e Produção de Moda e sempre me interessei por assuntos ligados à moda e design, mas nunca me imaginei desenhando uma peça. Há cerca de 2 anos, pesquisando bolsas de estilos diferentes, me deparei com as peças em tecido e o que de início era vício, virou paixão. Apesar de nenhuma experiência, consegui desenhar alguns modelos sozinha, importei muito tecido (porque isso também virou vício) e criei a Vixen Atelier.
Curiosamente, a minha inspiração não vem de outras bolsas, mas de todas as coisas do dia-a-dia.

Além de artesã, você exerce outra profissão?

Eu sou formada em jornalismo, mas trabalho na área financeira. Como meu trabalho é meio período, ainda consigo conciliar as duas coisas durante a semana, e os finais de semana são exclusivos para as bolsas. Considero o artesanato meu segundo emprego e meu sonho é poder viver apenas dessa arte que tanto me motiva. É inegável o poder “terapêutico” de todas as faces do artesanato, mas no meu caso, eu quero fazer dele uma fonte de renda porque por muito tempo não soube de verdade o que fazer da vida. Hoje não me imagino fazendo outra coisa. Quero sim, crescer muito mais, mas sempre tendo essa base.

Quais são suas habilidades e especialidades?

Eu sei fazer um pouco de tricô, o suficiente para fazer um cachecol e nada mais. Nas próximas férias quero começar a mexer com scrapbooking e encadernação, duas coisas que começaram a atrair meu interesse a algum tempo, mas só agora conseguirei aprender de verdade. Eu amo todas as etapas do meu trabalho, mas o que me tira o sono enquanto não finalizo são os modelos das peças. Adoro pensar em cada detalhe inusitado que posso incluir no meu trabalho.

Quais materiais e equipamentos você costuma utilizar?

Eu trabalho basicamente com tecidos. Procuro inovar também nas estampas, então boa parte desse material é importado. Os equipamentos mais importantes são a máquina de costura, minha câmera digital e meu PC.

Onde você busca inspiração?

Isso é muito engraçado. Sempre me oferecem modelos de bolsas para serem copiados ou inspirados, mas eu não gosto de ver outras bolsas sob esse ângulo. A minha inspiração vem das coisas do dia-a-dia, de outras peças do vestuário feminino, de formas e coisas que muitas vezes não tem explicação. Já aconteceu de um modelo surgir de uma idéia que não deu certo. Eu me baseio no trabalho alheio pensando no que não fazer, justamente para não repetir uma idéia. Mas confesso que quando vejo uma peça maravilhosa, gostaria de ter sido a criadora, rsrs. Eu pretendo iniciar um curso de modelagem o quanto antes. Acho super necessário você ter um embasamento e manter o interesse no aprendizado para crescer profissionalmente.

Fale um pouco sobre os produtos que você faz.

Tudo começa com a transferência da idéia para o molde. É quando a peça começa a nascer. Se tudo deu certo nesse momento, a próxima etapa é o corte das peças que compõem as bolsas e necessaires, essa é a parte mais delicada, pois engloba também o melhor aproveitamento do tecido, a forma de corte etc. As peças são todas confeccionadas em tecido. O apelo da marca é a exclusividade e, muitas vezes, a irreverência. São peças voltadas para ocasiões informais, embora esteja desenvolvendo também uma linha noite.

Você compartilha espaços da casa para suas criações?

Meu sonho de consumo é ter um espaço totalmente lúdico, que propicie a criação das minhas peças. No momento eu tenho um craft home, ou seja, uso todos os espaços da casa. Quem tem acesso ao meu espaço vê muitos tecidos, moldes e linhas.

Você dá cursos?

Não ministro cursos, até porque acho que ainda tenho muito que aprender…

Você escreve tutoriais sobre artesanato?

Ainda não escrevi nenhum, porque tudo é muito novo. Mas admiro muito quem se dispõe a compartilhar conhecimento, porque acho que essa é uma área que tem espaço para todos. Não vejo, por exemplo, outras meninas que fazem bolsas como “concorrência”. Acho que cada uma tem sua arte, seu truque, então a troca de experiências deve ser vista como forma de aprendizado não como se você estivesse “entregando o ouro ao bandido”.

Você trabalha sozinha?

Eu crio, corto e alinhavo cada uma das peças. Tenho apenas uma costureira que me ajuda a fechá-las.

Quais características você considera essenciais para considerar o resultado final como um bom trabalho?

Sem dúvida, o ponto alto de um trabalho são a criatividade, a originalidade e a qualidade final do produto.

Quais os desafios e dificuldades de se atuar no mercado de produtos feitos à mão?

Acredito que uma das grandes dificuldades de todo artesão é competir com peças industrializadas, principalmente os importados, porque eles têm origem duvidosa e chegam ao consumidor final com preços muito baixos. Acho que até pouco tempo, o artesanal não era tão valorizado em nosso país. Era mais fácil encontrarmos estrangeiros querendo comprar nossos produtos do que brasileiros valorizando sua própria cultura. Isso tende a mudar. Como trabalho numa área muito competitiva, que é o mercado financeiro, sei que os clientes de forma geral procuram cada vez mais o diferencial em cada produto e serviço oferecido. Então, o que pode ser mais original e criativo do que o artesanal? As pessoas estão se voltando cada vez mais a algo que os diferencie na multidão, e isso é, com certeza, uma coisa que o artesanato pode fazer.

Você vê perspectivas boas para o mercado de produtos feitos à mão no nosso país?

Claro que sim! Numa era tão tecnológica, as pessoas querem, sim, ter acesso ao que há de mais moderno, mas estão também aprendendo a valorizar aquilo que foi feito para elas, exclusivo. A peça que nasceu das mãos das pessoas e não de uma máquina.

O Sebrae afirma que no Brasil há 8,5 milhões de pessoas que vivem exclusivamente da renda gerada pelo artesanato. Você acha que é possível mesmo viver exclusivamente do artesanato?

Acho que a pesquisa do Sebrae mostra que isso é possível sim. Mas o artesão tem que ter uma visão mais arrojada de seu negócio, ser empreendedor. Tem que aliar a técnica artesanal a uma gestão empresarial para o negócio realmente deslanchar.


Que dicas você daria a quem quer começar?

Acho que talvez não seja um bom exemplo, mas eu comecei tentando. Imaginei um modelo e tentei fazer o molde. Quando terminei de cortar as peças e vi que tinha criado uma bolsa, e que ela tinha ficado como imaginei, liguei imediatamente para minha mãe, parecia uma criança, até tirei uma foto do esqueleto para guardar de recordação. O artesão precisar inovar sempre. Então a pesquisa constante de novos materiais e a criatividade são o foco principal para se tornar um bom artesão. O artesão compete com outros profissionais da área e também com a indústria, então o mais importante para se manter é buscar a originalidade em tudo que faz, nem que seja uma nova visão, uma releitura de uma obra já realizada anteriormente. Agora copiar, jamais, porque para isso já temos a pirataria e as falsificações que inundam as calçadas das cidades.

Como você divulga e vende seu trabalho?

Acho que quando você começa uma atividade desse tipo, os primeiros clientes são sempre os amigos e parentes. Mas isso não basta para torná-la uma atividade comercial. Nesse ponto é que o artesão precisa ter aquela visão empresarial que falei, entender que a divulgação muitas vezes não acontece sozinha. Acho que esse pode ser também um dos grandes “dramas” do artesão, porque muitas pessoas não têm tanta habilidade em vendas, quanto na confecção de suas peças. Talvez nesse caso, seja oportuno buscar parcerias ou representantes. No dia 18 de maio participei da minha primeira feira, a Feira de Artes da Pompéia e a expectativa era bem grande, já que ela atrai pessoas interessadas, jornalistas de moda e formadores de opinião. Mas meu dia a dia de vendas é feito basicamente dos meus contatos pessoais e os que estou realizando agora pela net.


Você conhece algum lugar que pode ser considerado o lugar indispensável para quem faz artesanato?
Um lugar que deve servir a todas as vertentes do artesanato é a Rua 25 de Março, em São Paulo. Lá existem coisas que você nunca viu!!!

Você acha que a Internet pode ajudar na divulgação do seu trabalho?

É até um clichê dizer isso, mas a Internet hoje é uma vitrine para o mundo. Eu mesma pesquiso muitos materiais pela net antes de sair de casa e comprar. Um bom projeto de web e divulgação são capazes de impulsionar uma marca. Muitos produtos que compro hoje para meu uso pessoal são adquiridos dessa forma. Acho super válida a idéia do Elo7 porque o cliente de um produto acaba tendo acesso a outros trabalhos, então um meio que divulga o outro. Eu já tinha um site próprio quando entrei no Elo 7. Mas como ele era gerenciado por mim e essa não era minha única função nesse mundo, estava (está) sempre desatualizado. No Elo7 eu só preciso me preocupar em ter uma boa imagem e incluir informações precisas sobre o produto. Quando tenho algum problema, o suporte me atente de forma muito rápida, com várias opções de solução para o caso. Agora, é só cuidar da divulgação!

Fale um pouco sobre você.

Eu tenho um vício na verdade, que é colecionar revistas. Eu devo comprar por mês umas 7, de moda à decoração. Minha descoberta mais recente é a Marie Claire Ideés, uma revista francesa muito variada, com moda, decoração e artesanato. E um bom cineminha nunca é demais. Não consigo viver sem alegria. Eu ainda não tenho filhos, mas tenho o Gucci, um shih tzu muito charmoso que alegra nossa casa e acima de tudo, meu coração. Mas, justiça seja feita, ele é também um grande bagunceiro. Nasci em 1974, numa família de 10 irmãos. Aprendi a falar muito antes de andar. Fiz faculdade de jornalismo, mas nunca me identifiquei muito com a área. Me casei em 2005. Hoje faço bolsas, porque me realizo quando cada peça fica pronta.

Saiba mais sobre Fabiana Gigli:

 

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