Entrevista com Flávia da Rocha da Ternurinhas

Como tudo começou? Desde quando sua paixão por artesanato existe?

As “Ternurinhas” começaram por acaso, em julho de 2007. Mas a minha paixão por artesanato sempre esteve presente desde criança.

Além de artesã, você exerce outra profissão?

Sim, a minha principal atividade é designer gráfica. Sou formada em Desenho Industrial / Programação Visual. Trabalho com artes gráficas há 12 anos. Esta experiência profissional (embora seja de áreas diferentes, porém próximas) me ajuda muito na confecção das “ternurinhas”, pois exige critérios para combinações de tecidos e confecção de moldes exclusivos.

Artesanato é hobby ou algo mais? Você busca no artesanato uma fonte de renda, um meio de aliviar o stress ou ambos?

Comecei como hobby, mas acho que está virando negócio…rs

Que tipo de trabalho artesanal lhe proporciona mais prazer?

Gosto de tudo o que é manual. Costura, ponto-cruz, crochê, pintura.

Quais materiais você costuma utilizar? Que equipamentos usa?

Para confeccionar as “ternurinhas”, utilizo tecidos diversos, botões, rendas etc. Não tenho uma regra. Se acho bacana, compro! Utilizo uma máquina de costura e às vezes, alguns detalhes, faço à mão mesmo.

Onde busca inspiração, conhecimento, novas técnicas etc.?

A internet é uma fonte inesgotável de coisas maravilhosas. Você “passeia” pelo mundo todo admirando peças e materiais, que nem sempre encontramos aqui no Brasil, mas a pesquisa se torna muito rica para desenvolver novas peças e composições. Como não tenho tempo de fazer cursos busco na internet mesmo. Você vê uma coisa aqui, e outra ali, e desenvolve algo realmente seu, com o seu toque, o seu critério.

Fale um pouco sobre seu modo de trabalho e sobre os produtos que você faz.

Faço peças de diversos estilos. As clientes pedem, eu faço! O principal diferencial das “ternurinhas” é a personalização. Como faço por encomenda, as clientes ficam livres para escolher tecidos e cores de sua preferência.

Você tem um atelier ou compartilha espaços da casa para suas criações?

Faço do que seria “meu futuro escritório” na casa, meu atelier. É um espaço grande, mas não sou nada organizada…rs

Como você descreve seu atelier ou seu cantinho de criações? Se alguém visitá-lo, o que encontrará lá?

Nossa, nem tenho coragem de dizer (risos). Infelizmente sou muito bagunceira (risos). Acho que é pela falta de tempo e não pela falta de espaço. Vou fazendo tudo muito rápido e acabo deixando uma fita ali, um tecido aqui…

O que tomo muito cuidado é com alfinetes, tesouras, para que não fique ao alcance do meu pequeno. Se alguém me visitar pode não encontrar tudo arrumadinho mas vai encontrar materiais encantadores por todos os lados!

Você dá cursos? Quais? Você escreve tutoriais e artigos “como fazer” sobre artesanato?

Infelizmente não tenho tempo, pois trabalho o dia todo e faço as ternurinhas à noite e no fim de semana.

Você trabalha sozinha ou tem uma equipe?

Sozinha. E quase sempre com o rádio ligado.

Quando produz seus próprios trabalhos manuais, quais características você considera essenciais para considerar o resultado final como um bom trabalho?

Procuro sempre trabalhar com materiais de qualidade. O que me preocupa muito é a durabilidade das peças. Às vezes encontro materiais “bonitinhos mas ordinários” rsrsrs … Aí não adianta. Quero que as “ternurinhas” sejam peças duradouras.

Quais os desafios e dificuldades de se atuar no mercado de produtos feitos à mão?

Como estou há pouquíssimo tempo neste ramo, ainda estou descobrindo o caminho das pedras.

Como você vê o panorama do artesanato no Brasil de hoje? Há espaço para artesãos e produtos manuais num mercado inundado de falsificações e pirataria? Qual o diferencial e valor que o artesanato pode agregar? Você vê alguma importância social no artesanato, no sentido de geração de trabalho e renda?

Eu vejo um mercado muito promissor. As pessoas estão cada vez mais buscando esta personalização. Algo manual é especial. É algo “feito para você”, ou algo que você dá de presente que foi pensado com muito carinho. É uma arte!

O Sebrae afirma que no Brasil há 8,5 milhões de pessoas que vivem exclusivamente da renda gerada pelo artesanato. Você acha que é possível mesmo viver exclusivamente do artesanato? Quais os desafios e oportunidades?

Acredito que sim. Tudo o que você faz com amor tem muita chance de dar certo. É preciso melhorar sempre, aperfeiçoar-se, buscar novas tendências. Acho o comodismo um fator decisivo para algo não dar certo.

Que dicas você daria a quem quer começar?

Acho que decidir começar a colocar em prática o sonho já é um grande passo. Comigo está sendo assim. E quando você começa, encontra pessoas encantadoras e muito prestativas. E com a internet você consegue pesquisar cursos, materiais, profissionais, enfim, tudo de qualquer tipo de material, e o melhor, em qualquer lugar do mundo!