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Entrevista com Rosa Sirota da miniARTE – São Paulo/SP

A entrevista especial dessa semana é de uma mãe e artesã muito especial e querida, a Rosa Sirota da miniARTE. Uma pessoa apaixonada pelo que faz e um exemplo de profissional a ser seguido.

Ela foi super atenciosa com a Equipe do Elo7 e caprichou muito na entrevista que vocês poderão ler logo abaixo. Muito obrigada, Rosa, por compartilhar conosco sua história maravilhosa e por contar a história da miniARTE para os nossos leitores e seguidores.

A Equipe do Elo7 deseja a todas às mães artesãs, mães compradoras, mães seguidoras do Elo7, mães blogueiras, um ótimo Dia das Mães e aproveitem para curtir com suas famílias esse dia especialmente dedicado a vocês!

Um grande beijo,
Mônica Ipolito.

Olá Rosa, conte-nos um pouco como tudo começou. Como surgiu a miniARTE?

A arte e o artesanato sempre fizeram parte da minha vida, desde a infância. Em casa e na família, meu pai era uma grande desenhista e projetista de móveis, pintava telas a óleo e acrílicas. As tias e avós viviam rodeadas por fios, com tricot e crochet. Desde muito menina tinha materiais disponíveis para saciar a minha curiosidade – muitas lãs, linha Mercer, pincéis e tintas, lápis e penas para nanquim…

Fiz o curso de Medicina, com residência em Pediatria e sempre tinha algum trabalho manual para relaxar nos momentos de descanso. Passei muitos anos desenvolvendo um trabalho de bordado em cânhamo, ponto cruz e outras técnicas. Fazia marcadores de livro com borda em crochet finíssimo para oferecer aos amigos até que as encomendas foram chegando. Num final de ano, atendi a pedidos de até 200 marcadores de livro com nomes bordados.

Minha filha Ana Luísa sempre gostou de observar tudo o que fazia. Desde pequena, queria material para experimentar o que eu fazia, e também tinha muita afinidade com os pincéis e os fios.
No mês de julho de 2000, de férias escolares, ela sugeriu que experimentássemos fazer a massa de biscuit, algo que nunca havíamos feito. Compramos os materiais e algumas revistas na banca de jornais e começamos a nos encantar pelo material. Inicialmente copiando os modelos das revistas, de modelagem tradicional, tivemos a ideia de tentarmos marcar a massa e pintá-la depois de seca. Aí abriu-se um universo – começamos com itens de papelaria: mini-ímas para quadros magnéticos, ponteiras de lápis, marcadores de livro com clips e com fios. Fizemos os primeiros medalhões, com orifício para serem usados como colares ou chaveiros.

Ao mostrarmos para todos, começamos a perceber o interesse e a curiosidade das pessoas, que muitas vezes duvidavam de que o material utilizado era mesmo o biscuit. Todos conheciam os ímãs de geladeira, tampas de potes, mas nunca com aquele aspecto brilhante, em lâminas finas de até 0,5 cm de espessura.

Apresentamos em algumas lojas, chegamos até a comercializar nossas peças nas lojas do MAM (Museu de Arte Moderna), com ótima receptividade.

Trabalhamos juntas desde então, ela iniciava sua Graduação em Educação Artística na UNESP e eu atendia na área de Psicoterapia Transpessoal no consultório.

Hoje você busca no artesanato uma fonte de renda, um meio de aliviar o stress ou ambos? Você exerce alguma outra profissão em paralelo?

Hoje o artesanato é a fonte de renda, ladeada por aulas e projetos de entretenimento com artes manuais exercidas em SESCs e outras instituições (clubes, colônias de férias, hospitais-dia), em curta ou longa duração. Aproveitando minha formação como profissional de Saúde Mental e a da minha filha como Arte Educadora, encontramos uma atividade que nos coloca em contato com público interessado e que também torna-se uma fonte de renda muito gratificante.

Não atendo mais em consultório, o ambiente ampliou-se e os grupos que nos procuram trazem sempre o entusiasmo de aprender e se divertir com uma técnica artesanal.
A Aninha hoje é professora de Educação Artística em escolas da rede pública e privada e também Arte Educadora em setores educativos de Museus (CCBB, FAAP, Bienais).

Posso dizer que a diversão da minha vida é o meu trabalho, tanto de criação como a comercialização. E, quando a Ana quer se distrair, ela vem “brincar” um pouco comigo. Nós adoramos quando podemos passar alguns momentos juntas…

Conte-nos sobre seu modo de trabalho e sobre os produtos que faz. Quais os tipos de produtos, as principais características e diferenciais de cada um, as matérias-primas, os materiais e equipamentos utilizados.

Trabalho sozinha, com bastante dedicação e disciplina. Posso dizer que tenho a felicidade de me nutrir com a força da criação todos os dias. Especializei-me em:

  • Acessórios de uso pessoal – medalhões para colares, chaveiros, broches, brincos, fivelas
  • Acessórios de papelaria – marcadores de livros, ponteiras de lápis
  • Brindes personalizados para qualquer ocasião – nascimento, aniversários, institucionais, logomarcas
  • Acessórios de decoração – caixas para inúmeros fins, porta-guardanapos, marcadores de taça de vinho.

Para isso, o material começa pelos “azulejos” ou “placas” de biscuit, que são pintadas com vários tipos de tintas: acrílica brilhante, metálica, tinta Mosaico. Além disso, utilizo a colagem de miçangas, peças de madeira e coco, cristais.
O equipamento é específico para o trabalho com biscuit – estecas, marcadores e cortadores, bem como qualquer outro objeto que possa me oferecer a possibilidade de fazer cortes, furos e marcações, como tampinhas de canetas, canudos de vários diâmetros, tampas de produtos como pasta de dentes etc. Trabalho sempre sobre uma superfície plástica que não grude, abro a massa com rolo acrílica e por aí vai.

Todas as peças são montadas com material de boa qualidade, para os colares prefiro sempre usar o cordão encerado fino, evitando qualquer reação alérgica em quem for utilizar.

Rosa, você trabalha sozinha para a miniARTE ou tem uma equipe? Você tem um ateliê ou compartilha espaços de casa para suas criações?

Sim, trabalho sozinha, em minha sala. Com muita organização e cuidado para não me espalhar demais e invadir o espaço de meus filhos, que admiram muito o trabalho em eterna movimentação.

Todas as etapas têm uma sequência: compra dos materiais, armazenamento e organização das matérias-primas (tenho alguns patrocínios: TINTAS ACRILEX, ARTECOLA PVARTE, Toke e Crie, Cristais Swarovsky, MAGO, BRASCOLA, entre outros). Estes patrocínios foram obtidos através de mais de 60 publicações em revistas de Artesanato Leve, em diversas Editoras, entre os anos de 2001 e 2007.

Continuando com as tarefas, criação e execução das peças, montagem, embalagem, estocagem (tenho sempre uma grande variedade para pronta-entrega), divulgação, participação em eventos e feiras (HobbyArt, Mega Artesanal), comercialização em eventos esporádicos ou semanais (Feiras de Artesanato da Vila Pompéia e da Vila Madalena, Center 3 – “Como Assim!?!”), artigos em revistas ou apresentações em TV solicitados pelos Parceiros Patrocinadores… E agora esta maravilha de loja virtual que o Elo7 nos propicia!

E nos momentos que a Ana tem disponíveis, faz toda a documentação fotográfica com alta qualidade. Todas as peças criadas têm sua imagem guardada, tratada e recebe nossa logomarca. Assim, quando delas preciso para a loja virtual ou para outra divulgação, tenho um arquivo à minha disposição.
Que características considera diferenciais nos seus trabalhos? Quais são suas principais qualidades como artesã?

Bom, primeiro o desenvolvimento desta técnica pessoal e exclusiva, com uma nova utilização para a tão versátil massa de biscuit. Depois, o intenso cuidado com a qualidade, o acabamento, e as utilidades das peças que crio e comercializo.

Como a massa de biscuit necessita de secagem natural, sem nenhum acelerador como forno e outros secadores, cuido para que as peças estejam completamente “maduras” antes de receberem a pintura ou colagem de pedrarias. Além disso, só podem ser comercializadas após mais um período de secagem de aproximadamente 15 dias antes de qualquer transporte. Tenho a certeza de que não sofrerão danos e que sua duração seja permanente.

As peças em biscuit têm maior durabilidade que as de cerâmica, já que não quebram com tanta facilidade. Só recomendo que não entrem em contato com água corrente, pois tanto a massa com as tintas podem sofrer alguma avaria.
Estou sempre com novas ideias, desenhos, buscando outros materiais e efeitos, utilizações interessantes, como, por exemplo, os marcadores de taças de vinho.

O que você considera um produto artesanal com qualidade, que sejá vendável e que agrade aos clientes?

Originalidade, bom acabamento, boa embalagem, além do cuidado no relacionamento com os clientes, flexibilidade para atender as necessidades de cada um. Agilidade, rapidez nas transações, credibilidade para que o cliente adquirira exatamente aquilo que ele deseja.

O que você acha do mercado de produtos feitos à mão no Brasil? Quais as perspectivas, desafios e dificuldades de se atuar nesse mercado hoje?

A grande quantidade de pessoas que querem produzir produtos artesanais nos faz, diariamente, procurar um nicho de originalidade e credibilidade. Oferecer produtos artesanais a preços justos, que dignifiquem o design e o nome dos artista criador é um maiores desafios que encontro. Por isso, prefiro manter uma clientela que sabe o que procura e vem encontrar negociando pessoalmente ou através da loja virtual no Elo7.

Qual o diferencial e valor que o artesanato pode agregar?

A arte, a criação, a originalidade, o carinho com que se elabora cada peça individualmente.

Onde e como você costuma vender e divulgar seu trabalho? Você utiliza que técnicas de venda e de divulgação?

Já participei de feiras semanais e esporádicas em contato direto com o público, foi interessante mas muito cansativo. Carregar tudo, montar estandes ou barracas, conversar durante longo período de tempo nem sempre é possível.
Hoje estou entusiasmada com a loja no Elo7, mas gostar
ia de contar com maior credibilidade por parte dos clientes, que observam as fotos de meus produtos e têm receio de obtê-las. Isto só se consegue após a primeira venda, às vezes de uma peça única, em que o cliente adquire confiança para tornar-se “freguês”.

Ainda não utlizei a estratégia de mailing com listas de pessoas, mas acho que também deve ser interessante.

Tenho um site-vitrine no ar há 4 anos, que também me ajuda bastante. E, o mais importante, estou sempre usando peças de minha criação, que chamam atenção de muita gente, possibilitando a entrega do meu cartão profissional.

Você conhece algum lugar que pode ser considerado o lugar indispensável para quem faz artesanato? Um site, uma feira, uma cidade, uma loja etc.?

Tudo é interessante e deve estar no foco de um artista. Moda, decoração, tendências em todas estas áreas devem influenciar quem cria objetos de beleza.

Moro em São Paulo e por isso usufruo plenamente de andar por Shoppings, feiras de artesanato, grandes feiras e eventos como a Mega Artesanal (produtos para hobby e artesanato), a Moda e Acessórios, feira que acontece duas vezes ao ano, bem como a Craft Design e a Paralela Gift.

Visito exposições em museus, gosto muito de ir a shows musicais e espetáculos teatrais, tudo isso compõe uma visão do cenário artístico sempre em evolução e das pessoas engajadas com esse movimento.

Você tem algum hobby que gostaria de citar? Além de seu trabalho na miniARTE, o que mais você gosta de fazer?

Gosto muito de cinema, fazer tricot, crochet, mas atualmente estou apaixonada por tear manual. Faço o curso prolongado oferecido pelo SESC Pompéia em suas efervescentes Oficinas. Estou no 3o ano de aprendizado, com as professoras Paula Kirstus e Tiyoko Tomikawa. Com esta última, grande mestra discípula de Ernesto Arozteguy, realizo o curso de Tapeçaria Artística em tear de alto-liço – uma pintura em tear, como as antigas técnicas de gobelain.

Estou sempre procurando aprender…adoro ser aluna! Frequento regularmente este espaço de oficinas, em aulas abertas ou mini-cursos, onde várias técnicas são colocadas à disposição do público para “degustação”: xilogravura, encadernação, cerâmica, fusing (vidro), desenho e pintura. Sempre com um conteudo poético, não só “o fazer por fazer”. A arte permeia todos eles.
Para fechar, se você tivesse alguns minutos para contar tudo sobre sua vida e seu trabalho, o que você diria?

Sinto que direciono meu trabalho ao bem estar das pessoas. Criando objetos bonitos, que simbolizem algo para quem os adquire, como utilizando técnicas artesanais para oferecer diversão e até novas formas de obtenção de renda, percebo que aplico o melhor de mim para minha comunidade e para o mundo.

Quero continuar assim, me sentindo jovem, dinâmica, criativa, movida pela Arte. Arte de Fazer e Arte de Viver! Obrigada pela oportunidade !

Para conhecer a loja da miniARTE no Elo7, clique aqui!

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