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A criação da marca no artesanato, por Cibele Bótter da Mala Zala Atelier

Quando recebi o convite do pessoal do Elo7 para escrever sobre marketing, fiquei muito feliz. Sou publicitária formada, especializada em marketing e trabalhei neste ramo por quase uma década até este ano, quando resolvi focar somente no meu trabalho de artesã.

Porém, tudo o que eu já vivenciei e aprendi, tento aplicar à minha nova profissão, pois o conhecimento nunca se perde, ele apenas se transforma.

Muita gente acha que marketing é um bicho de sete cabeças, coisa de grandes empresas e que pouco ou quase nada se aplica na área do artesanato, mas isso não é verdade. Ainda mais nos dias atuais, em que aquela imagem de que artesanato é coisa de vovó ficou para trás. Hoje as artesãs e artesãos são pessoas jovens, antenadas, que usam e abusam da internet, querem um diferencial e principalmente, profissionalizam o seu trabalho.

Mesmo que de forma inconsciente, nós utilizamos o marketing o tempo todo, desde antes de iniciarmos o negócio até o pós venda. Por isso, é muito importante aprendermos um pouco mais sobre esta ciência e utilizarmos todas as suas ferramentas a nosso favor.

Geralmente, começamos a desenvolver nossa atividade no artesanato de forma muito tímida, testando as técnicas, fazendo um produto aqui outro ali, presenteando os amigos e a família e depois vendendo.

Quando “nos encontramos” em uma atividade e ela começa a engrenar, percebemos a necessidade de nos profissionalizarmos. É neste momento que percebemos que aquele cantinho na mesa de jantar já não é mais suficiente para trabalharmos e que as pessoas começam a nos pedir um cartão de visita, perguntam se temos um site e por aí vai.

Pronto, chegou o momento em que precisamos desenvolver a nossa marca, que é a representação simbólica daquilo que nós fazemos. A marca deve transmitir o conceito da atividade que realizamos.

E por onde começar? Pensando na atividade do artesanato, resumi em dois principais pontos: o nome e o logotipo..

Escolha do nome: este é o primeiro passo e um dos mais importantes para a criação de uma marca. No artesanato, as pessoas tendem a seguir três caminhos distintos para escolha do nome:

1. Nome próprio: é uma opção bastante utilizada, seja ela entre sócios ou apenas uma pessoa. Ex: Fulana de tal Patchwork, Irmãs Beltrana Design, Sicrana e Cia Crochê, F&B Pintura em tecido etc. É uma opção muito bacana, porém alguns cuidados devem ser tomados: nomes iguais ou parecidos com o seu e nomes/sobrenomes muito difíceis de escrever. O primeiro por motivos óbvios pode gerar confusão e dificuldade para o cliente encontrar e/ou diferenciar. Se você descobrir uma marca já existente parecida com a que você vai criar, tente acrescentar palavras para diferenciá-la. O segundo pode ser de difícil memorização e consequentemente as pessoas terão dificuldade em escrever e/ou achar na internet, entrar no site etc. Por isso, muito cuidado com as escolhas.

2. Nome relacionado com a atividade: também é muito comum de se ver. Ex: a pessoa trabalha com tecido e usa no nome da marca as palavras: fio, tecido, pano, trapo, patchwork etc. Ou de forma mais genérica, utilizando palavras como: Arte, Art, Artesanato, Mimo, Acessório, Craft, Ateliê, Design. O legal aqui é a associação imediata com aquilo que a pessoa faz. Se a pessoa faz sabonetes artesanais e a sua marca chama “Bolinha de Sabão”, a associação é rápida e natural. O cuidado nestes casos é o mesmo do item acima com relação a nomes já existentes iguais ou muito similares. Isso pode gerar confusão no cliente e prejudicar ambas as marcas. No caso do uso de nomes mais genéricos, a associação não chega a ser imediata, exemplo, se a pessoa usa apenas o nome Ateliê Fulana de Tal, de início não sabemos qual a sua atividade, mas o uso do logotipo pode ajudar. É muito usado também quando a pessoa realiza mais de uma técnica de artesanato. Se quiser especificar mais, coloque junto ao nome da marca a atividade, ex: Ateliê Fulana de Tal – Arte em EVA. Em todos os casos, seja criativo e pesquise antes, caso encontre similares, inove.

3. Nomes diferentes: aqui entram os nomes que não remetem à atividade ou nomes originais, “inventados”. É o menos usual dos três tipos e o que requer mais cuidados. Deve-se evitar o uso de nomes numa atividade que remeta à outra. Utilizando o mesmo exemplo já citado: se a pessoa faz mosaicos e a sua marca chama “Bolinha de Sabão” vai soar estranho e não será eficaz. Tudo bem se uma pessoa faz lembrancinhas e sua marca chama “Camomila”, porque em princípio o nome não tem a ver com a atividade, mas o conjunto todo (cores, logotipo, slogan etc) pode remeter num segundo momento. Posso também usar como exemplo a minha própria marca “Mala Zala”. O nome por si só não remete ao que eu faço, mas eu acrescentei minha atividade em toda a minha comunicação e ficou “Patch e afins”. A atividade não precisa necessariamente estar no nome, pode ser um complemento que será usado na sua comunicação (site, cartão de visita, etiqueta etc). Quando a marca começar a ficar bem conhecida, a atividade ficará subentendida.

Dicas para todos os casos: nomes em inglês estão em alta e dão um ar moderno ao artesanato, mas não abuse. Cuidado com nomes de marca que restrinjam o seu leque de possibilidades, ex.: Ateliê Fulana de tal baby – é super bacana, mas se no futuro você começar a vender itens de decoração para casa, ficará estranho, portanto pense no que você quer focar. Para uma rápida e assertiva associação, eu sugiro sempre colocar a atividade junto ao nome da marca, fazendo parte dela ou apenas complementando-a.

E antes de se decidir, pesquise muito. Faça uma busca no Google, converse com seus amigos e família e se achar necessário, busque ajuda de um profissional da área.

Logotipo: depois de escolhido o nome, é a vez do logotipo. E esta palavrinha dá medo em muitas pessoas. Como no caso do nome, ele deve transmitir o conceito da marca.

A maioria não sabe criar logotipos e não quer recorrer a profissionais da área. Neste caso, o que fazer?

Um logotipo pode ser feito inteiramente de texto. Usar e abusar das fontes é um bom caminho. Existem inúmeros sites de fontes gratuitos na internet, então é bacana dedicar um tempo para escolha de uma fonte diferente. Brinque com o tamanho, disposição, forma.

Escolha quais as cores que você quer que represente a sua marca e anote bem o nome/código delas, assim todos os seus materiais ficarão padronizados.

Se desejar que seu logo tenha uma imagem, o ideal é criar uma exclusiva para ele, que seja original. Caso isso seja um pouco difícil, recorra aos bancos de imagens da internet. Alguns são pagos e outros não, mas às vezes, compensa pagar pela imagem e ter o direito de utilizá-la para sempre. Nada de salvar imagens da internet em baixa qualidade e se apropriar de desenhos de marcas já existentes. Se você seguir este caminho de logo com imagem, tente ser bem específico, por exemplo: você quer usar o desenho de um pássaro em seu logo, então busque um desenho específico, que combine com a fonte que você já escolheu, com as cores pré-definidas, com o conceito da sua marca. Não é porque você usará um desenho já existente, que pode ser qualquer desenho.

A simplicidade também é extremamente importante. Seja simples. Pense que este logotipo que você está criando será utilizado na sua papelaria, no seu site, na fachada da sua loja do Elo7 e até na etiqueta do seu produto, então, ele deve ser simples e não complicado ou confuso, com muitas informações. Faça um teste: certifique-se que seu projeto de logo é visualmente agradável e interessante em diversas escalas.

O processo de criação da marca dá trabalho, não vou mentir. Eu mesma gastei semanas a fio, mesmo sendo da área de publicidade e marketing. O segredo é paciência e persistência. Pedir ajuda, experimentar, testar, recomeçar sempre que necessário. Uma hora, dará certo e quando você olhar para seu nome e logotipo, vai se apaixonar e ter certeza que já deu o primeiro passo para a criação da sua marca.

Sempre que precisar de uma dica, consulte também nossa ajuda online.

Imagem: https://www.sxc.hu/

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