Para nosso bate-papo criativo do dia, trouxemos uma conversa especial e uma arte instigante que deve te inspirar também aí do outro lado! Acompanhe abaixo o lindo trabalho e história da Karen Bazzeo, artista que comanda a DoloreZ CrocheZ.
Conte pra nós como a técnica do crochê entrou em sua vida.
Sou formada em design editorial e trabalhei na área por aproximadamente 9 anos. Depois de cerca de 2 anos em SP, trabalhando como designer (sou de Bauru), entrei em algumas crises profissionais e passei a questionar muito meu modo de vida, de trabalho, onde e como gostaria de estar, de fato, trabalhando. Então senti a necessidade de procurar algo que me satisfizesse de alguma maneira, mesmo que fosse um hobby.
Foi quando comecei uma busca muito intuitiva e sutil. Quis resgatar algo que gostasse de fazer na minha infância, então me lembrei do crochê, que havia aprendido com minha mãe. Aos poucos fui encontrando um caminho e no crochê uma forma de me expressar também.
E a Dolorez Crochez, como surgiu?
O primeiro trabalho do Dolorez Crochez foi na rua. Comecei com pequenas intervenções e fui evoluindo o trabalho com algumas parcerias. Quando fiz o projeto de graffiti com os grafiteiros Felipe Primat e Julio Falaman, passei bastante tempo na rua, fazendo a instalação do trabalho e interagindo com as pessoas. A partir daí, meu gosto pelas instalações na cidade cresceu e comecei a espalhar frases, desenhos, coisas que me inspiravam de alguma maneira e que queria colocar para fora. Hoje em dia, a maioria dos meus trabalhos são relacionados a ocupação de espaços públicos, arte de guerrilha e empoderamento.
Como é levar o crochê para outras formas e locais, e fugir do lugar comum?
A rua é um contato direto e muito sensível que temos com as pessoas durante o processo. A experiência de poder conversar com todo tipo de pessoa que passa por ali é muito agregadora. Além disso, qualquer coisa pode inspirar: músicas, poesias, livros, textos que leio na internet, conversas com pessoas, olhares, histórias.
Ultimamente, coisas que me revoltam também tem servido de inspiração. Nesses caso, eu tento não expressar com raiva ou de maneira negativa, e sim, de maneira positiva, justamente, negando o que fazemos muitas vezes por impulso. Infelizmente, nós vivemos numa sociedade onde é cultural agir de forma agressiva e violenta, insultar pra nos defender. Então eu tento fazer de modo oposto, mostrar o que acho importante de maneira positiva, para que as pessoas vejam que há outras maneiras de nos defender, deixando o ego e a raiva de lado, fazendo surgir uma coisa maior do que essas que revoltam.
Para sentirem o clima das suas artes, acompanhem um dos vídeos de seu canal:
Conte um pouco sobre suas expectativas, próximos projetos, e metas para a Dolorez Crochez.
Meu projeto principal hoje é o “A rua é minha tela”, onde inspirada por músicas, poesias, pensamentos, entre outros, faço desenhos e frases e coloco nos muros dos lugares por onde passo. Tenho desenvolvido diversas peças para instalação mas que ainda estão aguardando pelo “muro perfeito”.
Também tenho ministrado oficinas, que unem o ensino da técnica do crochê com a vivência da prática de intervenções nas ruas com os participantes, além da roda de conversa, onde permeiam assuntos como: ocupação de espaço público, resgate do artesanato, crochê como arte contemporânea e empoderamento feminino. Acredito que essa vivência provoca aos participantes a sensação de apropriação e torna-os mais pertencentes ao espaço ocupado.
Além disso, tenho trabalhado com o blog e fanpage onde tenho me dedicado bastante a falar sobre minhas experiências, instalações, vídeos, fotos, entrevistas com pessoas que me inspiram, meu dia a dia, processo de criação, transição de trabalho convencional pro trabalho que amo fazer, etc.
É ou não inspirador perceber esse amor pela arte e sua expressão? Agradecemos a participação e fica o convite para passearem pelas ruas de SP em busca das criações da Dolorez.
E você também é encantada pela técnica do crochê? Encontre peças aqui.