Eu era uma executiva da comunicação, havia trabalhado por muitos anos em emiss
oras de televisão, além de passagens por rádios, jornais e revistas e, naquela época, após o Plano Collor, estava trabalhando como consultora para grandes empresas do Sul do país. Foi quando fui para um spa diferente. Sem saber o que era, hospedei-me em Nazaré, um centro de vivências que, longe de ser um spa, era considerado um centro de luz, aonde as pessoas iam para conectarem-se com a própria alma. Saí de lá, uma semana depois, completamente mexida e a primeira coisa que senti foi uma coceira na mão. Tinha vontade de resgatar a pessoa que eu era antes de entrar no turbilhão da mídia: uma moça que escrevia, fazia artes e atividades físicas.
Depois disso, minha irmã desceu as escadas, vinda do quarto, olhou para a número zero e falou: “Fadas têm que ter pernas looongas!”. Pouco tempo depois de ouvir essa palavra-chave, a número um nasceu. E, para minha surpresa, estava pronta. Parecia que eu havia encontrado um fluxo energético. A coceira nas mãos de antes virou inspiração e produção. Em poucos dias eu havia feito várias fadas com retalhos de tecidos, brocados, tules. Após fazer uma inteiramente dourada, coloquei todas em uma caixa de presente e resolvi oferecer na Rua Oscar Freire, um ponto central do comércio sofisticado de São Paulo.
Naquele tempo, eu tinha uma moto, prendi a caixa de presente no bagageiro e saí em direção aos Jardins. Na Oscar Freire, vi uma loja com fachada de casa de contos de fadas que me chamou atenção. Parei e resolvi pedir para falar com a dona e, por incrível que pareça, ela me atendeu. Enquanto esperava, entrei em contato com um outro universo: o incrível mundo das representações do plano espiritual. Bruxas, gnomos, elementais de toda a espécie, cristais, runas, tarô era moda na época. Uma salada mista de imagens e significados na Além da Lenda (esse era o nome da loja onde eu estava). A dona, uma jovem bonita e forte, me atendeu, escutou a minha estranha história sobre “coceira nas mãos”, viu as fadas e, enquanto me ouvia, ficou com a fada dourada nas mãos.
Quando terminei de falar, perguntou quanto era, eu sem saber, disse vinte dólares, uma pequena fortuna na época para o preço de uma boneca de trinta centímetros, algo como 150 reais hoje. Ela falou “Vou ficar com essa, te pago agora e quero mais vinte e oito”. Fiquei um pouco paralisada, muito paralisada. Agradeci e nem me atrevi a perguntar por que vinte e oito. Seria algum número especial? Estou sem saber até hoje.
Voltei para a casa, contei o que havia acontecido, minha irmã foi até a estante, pegou uma Revista Veja e me mostrou a loja onde eu havia estado: na revista, uma matéria de destaque informava sobre o boom da Além da Lenda. Foi assim, em um movimento tipo sonho-sorte que o Nina Veiga Atelier começou.
No entanto, quando comecei a fazer bonecas, elas não estavam diretamente vinculadas às crianças. Eram bonecas decorativas, relacionadas ao universo esotérico. A Fada-madrinha era uma boneca que estimulava nossa visualização criativa. A Yogue, trabalhava as virtudes, de acordo com a tradição do Brahma Kumaris. A Tecelã, trazia a crença de que acontece o que a gente tece. O cupido despertava a lembrança do amor universal. Nenhuma das bonecas era feita para o brincar infantil. Eu era uma tecelã que fazia bonecas para presentear adultos, na intenção de fazê-los lembrar de seu lado espiritual, através da representação que a boneca trazia.
Comecei a pesquisar e tentei fazer a primeira boneca. Ela era frágil, com pernas e pés de pouca tonicidade. Lutei durante muito tempo sozinha até conseguir fazer uma boneca “encarnada”, que fosse saudável para a criança e que representasse um ser humano terreno, forte, equilibrado e que deixasse transparecer sua “alma”. Essa conquista, essa busca pela força encarnatória, pela intensidade da vida é que tento passar para minhas alunas nas oficinas da boneca Waldorf.
A criança ao brincar com uma boneca inspirada na Educação Waldorf deve encontrar humanidade, aconchego, proporções saudáveis, espaço para que sua imaginação possa transformá-la. O rosto, de feições apenas sugeridas, possibilita que a criança permeie com fantasia as expressões e, dessa forma, faça a boneca ficar alegre ou triste de acordo com suas próprias emoções refletidas.
A boneca é feita com materiais vivos, lã de carneiro e algodão para o enchimento, pele, cabelos e roupas. A simplicidade das formas orgânicas são um convite ao abraço, ao ficar junto, ao carinho, qualidades importantes para a formação emocional da criança.
Hoje, o Nina Veiga Atelier está em uma nova fase e em breve teremos a nossa boneca em transição para a sustentabilidade, feita com materiais naturais certificados ou rastreados, permitindo aos consumidores conhecer as pessoas que fizeram a boneca e a origem de todos os materiais envolvidos em sua produção.
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