A Vila do Artesão nasceu em João Pessoa, capital da Paraíba, num belo espaço de exposições e vendas de peças artesanais. Lá apresentávamos aos nossos visitantes trabalhos de artesãos de várias tipologias e diferentes regiões do estado. Patrocinamos artistas e seus eventos e trabalhamos muito para mostrar as artes da Paraíba para o mundo. Foi naquele contexto que surgiu o blog, com o objetivo de ser um instrumento de divulgação da arte daquelas pessoas e daquele espaço. E assim foi até que os ventos sopraram e nos levaram para outros lugares. Entretanto a Vila do Artesão continuou sua história através do blog, que aos poucos foi assumindo um alcance cada vez maior e um compromisso mais sério de defender um espaço para artesãos menos favorecidos.
É assim que atualmente nossos leitores encontram no blog dicas, sugestões e passo a passo de peças artesanais, para aprenderem novidades, aplicarem em seus trabalhos, compartilharem ou apenas se distraírem. Encontram também indicações de uso sustentável dos materiais recicláveis e também dicas econômicas de decoração para suas casas, sempre usando suas próprias habilidades artesanais.
Nesse mesmo espaço divulgamos obras de artesãos brasileiros, artistas populares e artistas plásticos. Apresentamos criações dos nossos leitores e também informações de interesse dessa categoria que tanto batalha para ter o seu esforço reconhecido e valorizado.
Apresentada a Vila do Artesão, vou dirigir a minha homenagem nesse Dia do Artesão, e também Dia de São José, justamente às pessoas anônimas que, espalhadas por esse país, com todas as dificuldades que encontram, continuam firmes em sua jornada, passando para seus herdeiros de ofício todo o aprendizado que herdaram de seus pais. Desejo à eles que, como o próprio São José, fiel, paciente e dedicado, recebam todo o mérito que lhes é devido.
E para a minha homenagem, separei para vocês um dos meus primeiros textos publicados no blog, porque penso que ele expõe a minha forma de ver essa profissão que constrói nossa cultura tão brasileira e tão singular.
À vocês um grande abraço nesse dia de São José, nosso padroeiro. Que ele sempre nos lembre de tratar desse ofício com dedicação, confiança e alegria.
“Nesse momento, em algum lugar simples e humilde, no mato ou na cidade, na serra ou na praia, um artesão, homem ou mulher, da mesma forma simples e humilde, se encontra num processo de criação. Essa pessoa nunca visitou um museu. Nunca leu livros de arte e tão pouco ouviu falar sobre arte na escola. Talvez esse homem ou essa mulher nem saibam ler e escrever, mas apesar disso o processo de criação segue, rico e profundo.
Esses artistas desprovidos dos vastos conhecimentos possuem, entretanto, uma sensibilidade que confere às suas obras um reconhecido valor estético e artístico. Transferindo ao seu trabalho a sua experiência de vida, as peculiaridades do seu dia a dia e do seu ambiente, e as histórias que envolvem o seu mundo, eles acabam por conceder às suas peças um enorme poder de comunicação com o mundo moderno. Suas ideias, emoções e conceitos cruzam as fronteiras sócio-econômicas e culturais e chegam até nós para nos transportar a um mundo povoado por seres fantásticos ou por cenas tão simples do cotidiano que em outras situações nos passariam despercebidas.
À tudo isso chamamos arte popular. Arte do povo. Cultura do artesão. Conhecer essa arte é conhecer o Brasil e os brasileiros. E mais que isso, é transpor os limites da imaginação e da criatividade.”
Queridos, obrigada pelo carinho e parabéns ao Dia do Artesão.