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Autora de "O tempo entre costuras" conversa com Elo7

A autora espanhola do best-seller “O tempo entre costuras”, María Dueñas, passou alguns dias no Brasil nesta semana para o lançamento de sua segunda obra. Sabendo dessa visitante tão celebrada pela amantes da costura, história e literatura, consegui marcar um bate-papo com a escritora. Quer saber a relação da professora universitária com o mundo dos ateliês e sua fascinação? Convido a trazer uma xícara de chá para perto do teclado e continuar a leitura.

A trama ‘costurada’

A história se passa parte na Espanha, parte em Tanger, cidade no Marrocos, condado espanhol e local que abrigou diversos cidadãos do país durante a guerra civil. Em uma sequência envolvente de acontecimentos que faz os olhos correrem pelas páginas, a protagonista Sira Quiroga traz o universo dos tecidos, moldes, alfinetes, provas, ajustes ao foco. Mas não só de alinhavos vive a personagem, com base histórica e enredo amarrado à espionagem, as aventuras da modelista nos deixa cada vez mais instigados.

O reconhecimento das colegas de profissão de Sira

Durante a leitura, é fácil nos transportarmos para o ambiente de um ateliê de alta costura.  As descrições detalhadas fazem leitor e autora próximos ao ofício de linhas e agulhas. Ao ser acolhida por costureiras  do mundo inteiro a autora revelar que tem a sensação de missão cumprida. Afinal, ela conta no bate-papo, que ao realizar a pesquisa e documentação, pensava que a crítica positiva das costureiras lhe parecia mais relevante até mesmo que a crítica literária. Tudo deveria parecer vivo e possível de se acontecer. Para isso, vasculhou publicações da época e estudou até mesmo os materiais e tecidos mais usados.

Por que sua primeira protagonista teria esse ofício?

Sira Quiroga,a protagonista, tinha que ser costureira. A escritora conta que essa era a única profissão que permitia às mulheres da época a chance da independência financeira. Foi a costura que fez com que a personagem e todas aquelas que viveram na fase da guerra tivessem uma vida com conquistas e possibilidades. Para a autora, o livro é uma homenagem às costureiras autônomas e independentes de antigamente e um estímulo e motivação para aquelas que praticam e iniciam a atividade hoje em dia. Atualmente, vendo-se mais próxima das costureiras e artesãos, gosta de perceber que essa possibilidade de autonomia permanece.

Os primeiros contatos 

Será mesmo que a vontade de mergulhar em referências da alta costura e ateliês veio mesmo só das pesquisas e registros históricos?

María Dueñas, com sorriso de quem resgata boas lembranças, explica: nasceu em uma família de muitos irmãos e sua mãe tinha uma mania particular de vestir a prole toda igual. Daí surgiu o hábito de frequentar constantemente ateliês de costura. Ela conta que era bem normal sua mãe comprar longos tecidos para poder vestir todo mundo do mesmo jeitinho! Na hora de  preparar os vestidos para as meninas e camisas para os meninos, a autora, ainda criança, se encantava com aquelas tesouras enormes, os retalhos caídos no chão do ateliê e o que mais a impressionava (e adora imitar!): as costureiras conversando e ajustando, com os alfinetes na boca presos nos dentes! Ela ri e conta que a aflição de ver alfinetes na boca continua, mas a paixão por aquela atividade tão dedicada só cresceu!

Ela também é crafter

María Dueñas além de professora e escritora também gosta de exercitar seu lado crafter. Com brilho nos olhos, descubro na conversa que ela é uma superpraticante do “faça você mesmo” e já se arriscou a produzir muitos modelos para si e boas fantasias para os seus filhos. A escritora conta que dá o maior valor ao manual e adora viver encontrando “Siras”  contemporâneas e da vida real.

Ao finalizar nosso gostoso bate-papo lá pela Paulista, Maria Dueñas despede-se mandando muitos beijos aos leitores e artesãos do Elo7 e conta que gosta de pensar que sua personagem hoje tão querida por tanta gente continua costurando e costurando por aí.

Dicas finais ;)

Para quem ainda não conhece a obra, duas dicas: 1.muito cuidado para não se encantar demais com a trama e personagem e perder horas do seu trabalho ou sono, é contagiante. 2. dê uma fugidinha agora mesmo do que está fazendo para ir em busca do seu exemplar.

Imagens: 1. do momento descontraído da conversa e 2 e 3 do post e autoria da Bianca Moraes, blogueira que adorou ler e escreveu sobre a história.

Com antena ligada para novidades e tendências 7 dias por semana, paulistana vivendo em Ilhabela, é produtora de conteúdo criativo freelancer há seis anos, formada em Publicidade e Propaganda na ECA-USP, com especialidade em mídias digitais pela FGV. Autora do blog Colacorelinha , redatora do Blog do Elo7, gerenciadora de marcas na web e fã convicta de suculentas e sua força.

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