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Conheça a história da Ki Kuroiva da pokkuru – São Paulo/SP

Quem é pokkuru? Meu nome é Kinia. Sou uma gringa que veio da Polônia para o Brasil. Uma terra distante, cujas coisas mais famosas que se conhecem por lá são o Papa e o frio congelante, onde se fala uma língua impronunciável (que não é russo, nem alemão ;).

Ki em dois momentos, no frio da Polônia e no calorzão do Brasil

Vim para cá há um ano e meio com muita determinação mas com ideia muito vaga de COMO exatamente seria a minha vida depois que o casamento e a lua de mel passassem. Não que lá na Polônia eu tivesse uma ideia muito mais concreta… Estudei Antropologia Cultural mas com todas reviravoltas da minha vida (…e não são poucas!), ainda não consegui terminar a faculdade.

Início da pokkuru ainda na Polônia

Não sei se um dia chegarei a concluir este curso, apesar de me proporcionar um conhecimento profundo – as vezes até profundo demais – das culturas e sociedades humanas. Com o tempo entendi que este não era exatamente meu caminho. Sempre fui mais voltada para as artes visuais e estética faz parte muito importante da minha visão do mundo.

E é exatamente por razões estéticas que a minha vivência aqui em São Paulo é um tanto dolorosa. Eu tenho o que em inglês chamam de “love-hate relationship” com Brasil. De um lado, aprendi muitas coisas aqui. Aprendi a ter mais tranquilidade, aprendi a ser mais otimista… senti a minha própria força. Por outro lado, e isso também foi um dos fatores que fez a minha criatividade florescer aqui, é o urbanismo caótico desta metrópole. Para quem adora mato e natureza, é um sério problema.

Apesar de ser um povo criativo, o brasileiro adora o básico. Nas ruas, percebo que existe um “pattern” na qual a maioria segue. Eu, que adoro cores, ideias estranhas, adoro brincar com roupa, me sentiria uma palhaça produzida demais se saísse na rua vestida do jeito que eu costumo sair na Europa.

Então, tinha que fazer alguma coisa com isso, não é? Já que não tenho condições de criar uma grife por completo, nem de mudar o estilo brasileiro, fiz o que pude: acrescentei um pouco de sabor diferente no basiquinho cotidiano.

Agora, o que significa este pokkuru? Pokkuru nasceu ainda na Polônia, um meio ano antes de eu vir para o Brasil. Uma noite eu sonhei com o nome pokkuru e só depois de muito tempo descobri o que significava. Os Koro Pokkuru eram um povo pequeninho das lendas dos Ainu, povo indígena da ilha japonesa Hokkaido.

Koro Pokkuru eram muito gentis e sempre presenteavam Ainu com comida e peças de cerâmica, mas não gostavam de ser vistos. Eram como fadas tímidas, sempre fazendo coisas boas sem querer aparecer.

Por isso, pokkuru sempre sorri. Visa fazer o seu dia mais doce e acrescentar um pouco de fantasia no cotidiano. Porque todas sonhamos com maravilhas. Cada mulher, no fundo, é uma princesa.

Agora os doces… no começo eu trabalhava com técnica millefiori, que é basicamente criar desenhos embutidos na peça, enrolando a massa – ou o vidro, de onde originou a técnica – e depois cortando fatias que revelam o desenho dentro. Que nem um rolinho de sushi ;)

As pessoas sempre diziam que as minhas contas pareciam balas e doces… até que fizeram minha cabeça e comecei fazer doces mesmo. Aqui tenho que fazer uma confissão: eu nem sou muito gulosa, nem gosto tanto de comer! Mas o próprio trabalho me dá muito prazer e gosto da ideia que cada vez que a pessoa vai olhar para essa peça, vai sorrir e pensar em coisas boas e gostosas. Vai, talvez, lembrar da menina dentro dela, da princesinha que gosta de brincar e ser mimada.

Mais uma palavra sobre o material. Eu trabalho com cerâmica plástica, ainda pouco conhecida aqui no Brasil. É uma massa de composição química (polímero) que, diferente de bisquit, precisa ser assada no forno para endurecer. Cerâmica plástica oferece quase infinitas possibilidades de criação, desde modelagem clássica, até técnicas mais complexas como millefiori ou mokume gane. Existe também em forma líquida, que permite criação de peças com transparências, que até parecem feitos de vidro. Acredito que a marca mais conhecida mundialmente é a alemã Fimo, que até virou o nome popular do material e é a única das marcas importadas presente no Brasil. Pois é, lá fora existem várias, como Sculpey, Premo, Kato – para não falar do Japão, onde há massinhas maravilhosas, muito mais leves e que endurecem ao ar. Esse ano apareceu também uma marca nacional, um pouco mais em conta.

Eu sei que no mundo e até aqui no Brasil existem vários cursos de cerâmica plástica, mas eu pessoalmente nunca fiz nenhum. O que me ensinou o pouco do que sei fazer foi a minha imaginação e, óbvio, prática, bastantes experimentos, passos errados, assim como inúmeras artistas extraordinárias que me inspiraram muito. Espero um dia ser uma delas para alguém também :)

Acredito que é isso. Muito obrigada e agradeço por sua atenção! :)

Para conhecer as delícias que a Ki faz, visite a pokkuru no Elo7 clicando aqui !

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