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Entrevista com Danny Barros

Danny, como tudo começou?

Começou na minha infância, vendo minha mãe fazer coisinhas lindas pra enfeitar meu quarto. Sou bisneta e neta de costureiras. Minha mãe também costurava numa camisaria e quando nasci ela enfeitou meu quarto e fazia as roupinhas para bonecas Susi e coisas para casa. Desde lá comecei a tomar gosto, mas nunca pensei em fazer isso profissionalmente. Minha mãe estimulava muito o lado lúdico de aprender fazendo e sempre me ensinava o que ela sabia: bordado, costura, papel machê, pintura em gesso. Ela sabia de tudo um pouco! Adoro desenhar e quando era adolescente desenhava muito. Fazia modelitos, rabiscos, imaginava ser eu nas bonequinhas que desenhava. Mas depois abafei este meu lado quando fui trabalhar na área de saúde.


Então você exerce outra profissão além de artesã?

Sim, além de artesã sou dentista, mas ano passado resolvi fechar meu consultório e me dedicar aos filhos e ao artesanato. Acho que no fundo eu precisava libertar este lado criativo que estava sufocado, pois na área de saúde não dá pra inventar nada (risos), nem devemos, e eu adoro criar, adoro fazer coisas, estar sempre aprendendo algo novo. Adoro mexer com texturas, formas e cores. Quando não costurava, pintava os quartos dos filhos, desenhava nas paredes e transformava um lugar comum em algo só nosso. E quando comecei com as bonecas em 2006, foi como se um mundo se abrisse para mim, conheci muitas variedades e formas de se trabalhar com tecidos, aí me encontrei!

No começo era hobby, pois eu não sabia vender nada e nunca tinha vendido nada na vida, mas depois comecei a tomar coragem e a querer mostrar meu trabalho, muito incentivada por meus amigos, decidi então mostrar o que estava fazendo. Primeiramente no Flickr, porque também amo fotografar. Em 2006 comecei a fazer bonecas de pano, depois de ver o trabalho de uma amiga querida, a Clau Ciapina. Fiz bonecas e brinquedos de tecido e feltro por um tempo e até tinha um espaço numa loja de artesanato aqui na cidade, mas a falta de incentivo e marketing fez o negócio da loja cair, e com a pouca divulgação a loja fechou. Fiquei desanimada e decidi parar.

Quando em outubro de 2007 o produtor da Rede Record achou um de meus trabalhos no Flickr e me convidou para gravar o programa Mundo Mulher Coca-Cola, um quadro que faz parte do Hoje em Dia, pensei que fosse brincadeira, mas não, fui lá e fiz. Foi maravilhoso! Foi ao ar em 05 de dezembro de 2007. Esta experiência me fez voltar com tudo ao mundo Craft. Atualmente junto o útil ao agradável, busco renda e prazer. Quando fechei meu consultório parecia que meu mundo tinha acabado, afinal estudei muito para ser dentista. Fechar e ficar em casa nunca esteve nos meus planos e ainda tive que enfrentar preconceito de amigos e familiares, mas com filhos pequenos ficou difícil sair de casa para trabalhar. Depois de tentar por mais 1 ano clinicando tomei a decisão. O artesanato entrou aí, na hora em que eu mais precisava. E hoje estou feliz! É isso que importa, em casa perto de meus três filhos amados!

Quais são suas habilidades?

No artesanato já fiz de tudo um pouco. Já fiz pinturas em tecido para uso pessoal, pintura de telas de gesso, aprendi crochet aos 9 anos na escola e ensinei a minha mãe (rs), já fiz biscuit e tricô. Aprendi a costurar para poder fazer minhas próprias roupas, pois a grana era curtinha na época da faculdade. Fiz bonecas de pano e brinquedos de feltro, scrapbook digital que me deu uma base ótima para montar minha logomarca e montar meu blog. E agora me apaixonei de vez por bolsas e acessórios em tecido. No momento a costura me proporciona mais prazer. Mas todas tiveram seu momento especial em minha vida. Como tudo o que faço, procuro fazer bem e com amor. Minha mãe não tinha estudo, mas me ensinou uma coisa importantíssima: “Você pode ser um varredor de ruas, mas que faça o melhor naquilo que se propõe a fazer, faça com amor“. Uso muito tecidos de algodão, linhas para bordar, feltro para apliques, viés, botões e alguns acessórios de bijouterias. Comprei minha primeira máquina de costura este ano. Antes costurava numa antiga que foi de minha mãe.

Onde você busca inspiração e novos conhecimentos?

Em toda parte. Na rua, folhetos, na TV, em revistas antigas, na internet. Eu sou muito observadora. Gosto de observar, tentar novas técnicas, pesquiso muito na internet, nunca fiz curso de nada, sou curiosa e enfrento os desafios… acho que sou autodidata. Quando quero vou atrás e aprendo. Aprendo com os meus erros. Já perdi muito tecido tentando e tentando até conseguir chegar ao meu objetivo.

Fale um pouco sobre seu trabalho.

Depois de participar de uma feira em 2007, decidi mudar de ramo e começar a fazer bolsas e acessórios. No início foi difícil pois não tinha moldes nem nada e nem ninguém que quisesse compartilhar. Usei algumas bolsas minhas como referência e foi saindo, engatinhando uma aqui outra ali, errando, acertando e agora já começo a andar. Depois de um tempinho comecei a criar, como o kit dental com aplique de dentinho e escova. Me inspirei em meu consultório pois muitos pacientes me cobravam lembrancinhas personalizadas no fim do ano (rs). Geralmente deixo que o tecido me mostre o caminho a seguir com ele. Às vezes vejo uma estampa e logo imagino o modelo certo para ele. É mais ou menos assim que funciona. Não sigo regras, não gosto muito de fazer coisas repetidas, gosto de variar, de fazer algo único e exclusivo. Às vezes quando durmo vem alguma imagem e levanto pra desenhar, ou muitas vezes durmo com uma dúvida e acordo com a solução, é muito engraçado! Pensando assim vi que as peças deveriam ter função, deveriam ser bonitas e se adequarem bem ao dia a dia de quem está usando. Nas bolsas de trabalho, nas malas de viagem, para uso diário ou não. Não possuo um único estilo, vou da estampa de onça ao floral romântico, pois acho que a mulher passa por fases e cada uma deve ser respeitada, conforme seu gosto, então procuro agradar as mulheres jovens, as maduras, as exóticas e as românticas com produtos variados. Por isso ainda não tenho um estilo definido. Gosto de cores, formas, estampas diferentes.

Você tem um atelier?

Tenho um espaço onde guardo todos os meus suprimentos, mas nunca trabalho lá dentro, mesmo sendo arrumadinho e tudo, adaptei a minha mesa de escritório na minha sala e é lá que acabo fazendo tudo. Assim vigio melhor as crianças e posso estar perto deles todo o tempo.
Quando estão na escola fico sozinha e o trabalho rende mais. Geralmente é arrumadinho, mas a minha sala… esta fica uma bagunça! Tecidos, botões, linhas, tudo espalhado, porém uma bagunça organizada. Sou muito chata neste ponto. Gosto de tudo no seu devido lugar e sempre que dá organizo os tecidos, os botões e tudo dentro de caixinhas e sacolas.

Você dá cursos?

Não dou cursos, mas gostaria, um dia quem sabe! Tenho alguns tutoriais em meu blog que são recorde de acessos, ligados a técnicas de costura, e em breve postarei outros. Tenho uma filosofia que dividindo a gente multiplica. Tem espaço para todos.

Quais características você considera essenciais para definir o resultado final como bom?

Com certeza o bom acabamento e a função que o produto terá. Me preocupo desde a escolha dos tecidos até o detalhe do pingente e tudo que o tornará único e especial. Por isso cada peça tem um diferencial.

Quais os desafios e dificuldades de se atuar no mercado de produtos feitos à mão?

Ainda somos desvalorizados. O artesão ainda dá a idéia de que faz artigos artesanais para sobreviver, e por isso acham que a mercadoria é mais barata ou então nos leva a ver a coisa como regional. Porém hoje já vejo alguma mudança. Outros conceitos estão sendo debatidos e formando opinião e em um futuro próximo isso tende a mudar. A massificação dos produtos vindos de fora desanima mas nem todo público gosta, então vamos focar em quem gosta de artesanato único e exclusivo. E nos unir, isso que é mais importante. A força da união para mudar conceitos e preconceitos. O primeiro passo a se dar é a força da união para um bem comum. Penso que muitos fazem a mesma coisa, porém cada um em seu espaço, sua característica, sua marca especial. Com a união teremos força pra valorizar mais os produtos feitos à mão, o artesanal, o exclusivo. A pirataria existe até mesmo entre nós, mas logo quem não tem talento se cansa e sai do mercado, só fica quem tem propósito mesmo e seriedade no que faz. O artesanato faz com que o ser humano seja valorizado, que ele pode dar vazão ao seu potencial criativo, que ele pode fazer coisas bonitas e úteis e começar a tirar disso alguma renda. Mas é um processo. O artesanato pode sim fazer com que através do contato com uma ocupação, como arteterapia por exemplo, o indivíduo melhore a sua capacidade de pensar, aguçando o raciocínio, o potencial criativo, aumentando a auto-estima e melhorando muito a sua vida em todos os sentidos. Inclusive financeira.

Alguma dica para quem quer começar?

Bom, não pode ter medo de arriscar, a vida é mesmo um risco e estamos aqui pra isso, se não mostrar o que faz, nunca saberão que você existe. Busque fazer cursos, se aperfeiçoar. O Sebrae ajuda muito nesta parte, na visão empreendedora. Não basta só fazer coisas bonitas e não vender nada, tem de mudar conceitos e se atualizar. Estar de olho no mercado que quer atingir e como isso pode ser feito, para isso precisa ter conhecimento de técnicas de vendas e marketing. Mesmo que sejam básicas já ajudarão.

Como você divulga seu trabalho?

Como adoro fotografia eu começo mostrando as fotos de meus produtos prontos. Gosto de mostrar detalhes, pois os clientes gostam de ver o que tem dentro. Mostro detalhes que acho importante e me coloco na visão de consumidora, mostro o que eu gostaria de ver antes de comprar. Imagem é tudo! Atualmente vendo só pela internet. Acreditem: ainda não vendi em nenhuma loja de minha cidade. Não gosto de consignação, prefiro fazer a venda. Mas isso já está mudando, pois amigos que já compraram estão espalhando Borbolet’s por aí e já estou tendo um retorno favorável. Até entrega em casa eu fiz no Dia da Mães. Uma amiga que mora em Juiz de Fora me comprou uma nécessaire e pediu para entregar para a mãe dela que mora aqui. Eu fui lá e entreguei, e acabei lançando o Borbolet’s Delivery :-)

Como você envia os produtos ao clientes?

Faço embalagens individuais, com tags dos cuidados com as peças, e cada uma vai numa embalagem separada. Coloco bilhetes de agradecimento escritos à mão e personalizados com o nome do cliente, algumas vezes mando ímãs e presentinhos extras.

Fale um pouco sobre você.

Amo fotografia e sonho com uma câmera profissional. Visito alguns sites de fotografia e aprendo olhando. Adoro jardinagem, tenho uma coleção de cactos e suculentas que comecei em 2007 e está fazendo 1 ano agora em junho, com quase 100 espécies. Comecei a catalogar, mas depois parei. Adoro viajar, ir a museus, cidades históricas e aprender muito. Adoro conversar com “velhinhos” e observar crianças e suas brincadeiras. Não consigo viver sem paz e tranquilidade. Sou casada e tenho 3 filhos, todos pequenininhos… 6, 5 e 3 anos e mais a minha mascote Samantha, uma Basset Teckel que vai fazer 1 aninho em 05 de junho. A casa é uma farra daquelas!

Danny na TV:

Visite a loja de Danny no Elo7:
https://www.elo7.com.br/borbolets/

Visite seu blog:
https://borbolets.wordpress.com

Galeria de fotos:
https://www.flickr.com/photos/dannybarros/

Coleção de cactos:
https://picasaweb.google.com.br/dannyforkids/CactosCACTUSCACTICACTUSSENKAKTEEN

Sobre Elo7

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