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Entrevista com Nayara e Luciana da Arteira Brasil

Como tudo começou? Desde quando a paixão por artesanato existe?

A Arteira Brasil nasceu do reencontro de duas amigas de infância de anos. Eu, Nayara, sempre fui muito curiosa com relação à tudo que envolva trabalhos manuais, comecei com as indefectíveis roupinhas de boneca e fui evoluindo até me formar em Moda na Faculdade Veiga de Almeida, no Rio de Janeiro. A Luciana sempre foi muito comunicativa (do tipo que fala sozinha se não tem ninguém!) e também adora um enfeite. Ela se formou em Comunicação na Universidade Federal de Juiz de Fora e Marketing na FGV-Rio.

Além de artesãs, vocês exercem outra profissão? Quanto do tempo vocês se dedicam ao artesanato?

Encaramos o artesanato como profissão. Temos a sorte de conseguir trabalhar (finalmente!) com algo que nos dá muito prazer. Estamos sempre pensando em algo diferente para mostrar ou uma forma nova de chegar mais perto do nosso cliente. Acreditamos que o antigo e o moderno dão uma boa combinação: um meio equilibrado de trabalhar e se divertir. Foi assim que surgiu a idéia de utilizarmos os meios de comunicação mais modernos, como a Internet, para divulgar o artesanato que desenvolvemos.

Quais são suas habilidades e especialidades?

Fazemos de tudo um pouco, o que é bem comum para quem trabalha com artesanato. Basicamente dividimos o trabalho entre criação e gerenciamento. Eu cuido do desenvolvimento do produto (da pesquisa à produção final, passando pela compra de material, pilotagem) e a Luciana faz nossa divulgação, responde os e-mails, planeja nossos passos futuros… Mas é claro que isso nunca funciona totalmente! No fim nós duas opinamos sobre tudo! E foi uma fórmula legal a que chegamos, sempre ouvimos uma à outra e melhoramos nossas habilidades individuais.

Quais materiais vocês costumam utilizar? Que equipamentos usam?

Nossa matéria-prima mais importante é o pano, tudo começa e evolui dele. Gostamos muito também de fitas de cetim, paetês, miçangas, feltros. Nossas bolsas são bem coloridas e sempre com algum enfeite. Os equipamentos que utilizamos são máquinas de costura caseiras, agulhas, linhas, botões e tudo o mais que possa existir no quarto de costura de qualquer vovó.

Onde buscam inspiração?

Estamos sempre atentas às modas das ruas, ao que se divulgam em jornais e revistas e ao que se tem mostrado de artesanato moderno na Internet (sites, Blogs, Flickr).

Onde buscam conhecimento, novas técnicas, aprendizado?

Em situações tão diferentes como seminários de tendências e a colaboração de artesãos que utilizam técnicas antigas. E também contabilizamos muuuuuuuitas tentativas e erros ao longo do caminho.

Falem um pouco sobre o modo de trabalho e sobre os produtos que fazem. Quais os tipos de produtos, as principais características e diferenciais de cada um? Em que ocasiões podem ser usados? Quais as funcionalidades?

Nós fazemos bolsas e acessórios artesanais. Temos especial atenção ao acabamento para que o produto artesanal se valorize. Utilizamos várias combinações de cores e tecidos na mesma peça. Há tanto modelos de bolsas de tamanho grande que podem ser usadas no dia-a-dia, no trabalho, na escola, quanto modelos menores para sair à noite. Nosso estilo é um pouco romântico, um pouco lúdico, tentando ser o mais criativo possível!

Vocês têm um atelier? Há outras pessoas que trabalham com vocês?

Temos um atelier na cidade de Miguel Pereira. É lá onde centralizamos a produção de grande parte dos nossos produtos já que algumas bolsas passam por até seis artesãs diferentes para ficarem prontas. Cada colaboradora acrescenta um detalhe: o corte, a costura, o bordado, o broche. Nosso começo, como o da maioria das pessoas que trabalha com artesanato foi solitário, ou seja, fazíamos tudo. O tempo foi passando e a Arteira Brasil foi crescendo, com isso, hoje seria impossível funcionar sem acrescentar ao nosso trabalho a ajuda de vários outros artesãos, de nossos familiares e vários amigos que nos dão uma grande força nas horas em a gente mais precisa.

Quais características acreditam ser essenciais para considerar o resultado final como um bom trabalho?

A qualidade no acabamento, a apresentação final (embalagem, etiqueta), a pontualidade na entrega e a agilidade e transparência na negociação.

Quais os desafios e dificuldades de se atuar no mercado de produtos feitos à mão?

É um mercado que vem crescendo, qualificando-se e profissionalizando-se. Acabar com a idéia de que o que é artesanal é mal feito ou mal acabado é um obstáculo que vem sendo superado, mas falta um pouquinho ainda.

Como vêem o panorama do artesanato no Brasil de hoje? Há espaço para artesãos e produtos manuais num mercado inundado de falsificações e pirataria? Qual o diferencial e valor que o artesanato pode agregar?

O artesanato preenche exatamente esse espaço que o produto feito em grande escala deixa escapar. Falsificações e pirataria são um contra-ponto que só beneficia o produto artesanal feito com cuidado pois ele se dirige à pessoas que querem algo exclusivo, feito para elas em especial.

Vocês vêem alguma importância social no artesanato, no sentido de geração de trabalho e renda?

Podemos contar nossa experiência. Trabalhamos com várias artesãs que, através da terceirização do seu serviço, conseguem aumentar a sua renda familiar, ou mesmo sustentar seus filhos.

O Sebrae afirma que no Brasil há 8,5 milhões de pessoas que vivem exclusivamente da renda gerada pelo artesanato. Vocês acham que é possível mesmo viver exclusivamente do artesanato? Quais os desafios e oportunidades?

Acreditamos que sim, mas temos que nos profissionalizar mais. Os clientes são cada vez mais exigentes e estão conectados com o mundo através da Internet, o que torna o mercado bastante competitivo. Ao mesmo tempo isso também amplia nossos horizontes e nos dá acesso a muitas informações que antes eram desconhecidas da maioria das pessoas.

Que dicas dariam a quem quer começar? Recomendam algum livro? Algum curso? Por onde começar? Qual caminho deve ser seguido? O que é preciso saber antes de começar? Quais cuidados tomar?

Qualificar-se fazendo cursos, pesquisas e trocando idéia com outros artesãos é fundamental. Para quem tem acesso, Internet é uma grande ferramenta de aprendizado e divulgação. E para quem quer fazer do artesanato não só um prazer mas também uma fonte de renda: renda-se aos números! Ou seja, anote tudo, controle seus gastos e calcule seu lucro.

Onde e como costumam vender seu trabalho? Boca-a-boca? Vocês participam de feiras? Fazem anúncios?

Temos nossa loja virtual, https://www.arteirabrasil.com.br/. Participamos das duas últimas edições da Feira Nacional de Artesanato de Minas Gerais (Mãos de Minas) e também da 12a Paralela Gift em São Paulo. Fazemos anúncios em jornais de circulação na Zona Sul do Rio de Janeiro. E a Arteira Brasil está em várias cidades em lojas que são nossas clientes no atacado como a Santa Cor no Rio de Janeiro, a Tuteti em Curitiba e a Floriana em Belo Horizonte.

Como enviam os produtos ao clientes? Vocês colocam alguma carta de agradecimento junto? Algum presente a mais na encomenda?

A Arteira Brasil possui uma embalagem de tule pink com rendinha para as bolsas e chaveiros e juntos às peças vendidas no varejo acompanha um broche ou cordão para pendurar (duas menininhas de mãos dadas que nos representam). Cuidamos para que a embalagem seja resistente e proteja o produto até chegar ao cliente.

Vocês acreditam que ferramentas como o Elo7 podem contribuir? De que maneira?

Acreditamos que uma divulgação direcionada como à do Elo7 é muito importante para alcançarmos quem gosta e valoriza o artesanato. Além de dar credibilidade ao produto anunciado também oferece facilidades de pagamento e gerenciamento do negócio o que, para o artesão sozinho, é difícil e caro de obter.

Obrigada Nayara e Luciana pela entrevista ao Elo7 e tenham muito sucesso com a Arteira Brasil!

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