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Entrevista com Talita

Como tudo começou?

Bem, esse meu gosto eu devo à minha mãe. Cresci no meio de retalhos e outras milhões de coisinhas que tinha na confecção dela. Fazia roupinhas para as bonecas e até levei um “cachorrinho” (entendenda-se um amontoado de tecido amarrado) para passear na escola. Desde que me entendo por gente, eu gosto dessas coisas. Não digo só pelo artesanato, mas pela matéria prima mesmo; botões, tecidos, rendas e fitas.

Além de artesã, você estuda ou exerce outra profissão?

Estou cursando o terceiro período de Artes Visuais na UFU. Tem gente que acha que é curso de esperar marido, mas tente fazer os milhões de trabalhos exigidos e ainda arrumar tempo pra ganhar um trocado! rs … Ou seja, o tempo que eu dedico é o tempo que sobra.

Artesanato é hobby ou algo mais?

Às vezes enche o saco. Porque tudo começou como um hobby, mas depois que vira fonte de renda tudo muda. Tem que fazer em larga escala, tem que correr com pedido, tem que ter sempre coisa nova. Mas no final tudo compensa. Tem dia que to cansada da faculdade, mas é só pegar em uma agulha que tudo melhora.

Quais são suas habilidades e especialidades?

Eu não sei se tenho habilidades… Eu sou de época. Tem vez que eu to adorando fazer art toy, mas na outra semana eu só quero mexer com feltro. Agora a pouco era com papel, tudo era papel. Agora? Cansei do papel, acho que vou pros tecidos, fazer o que eu não sei. Mas logo eu descubro!

Quais materiais você costuma utilizar?

Feltro, moletom (ótimo para os toys), botões (AMO!), papéis de parede, recortes, decalques, e tantos outros! Ia passar a noite aqui. Equipamentos? Minhas mãos, cola, tesoura, linhas e agulhas.

Onde você busca inspiração?

Nas pequenas coisas da vida. Em filmes, revistas, na net, em sonhos! Sei lá, essas coisas vem assim, do nada: “ah! vou fazer isso!”, “isso vai dar pra fazer assim.”, “será que se eu fizer isso vai ficar bom ?” E por aí vai.

Onde você busca conhecimento, novas técnicas, aprendizado etc.?

Tentando, experimentando, perguntando, ou seja, fazendo muita arte! Sujando a mesa, gastando material à toa, fazendo torto. Isso tudo faz parte, não deu certo na primeira? Tente a segunda. Mas eu sei que existem revistas ótimas, que ensinam muita coisa. Que é muito mais simples do que fazer bagunça. Mas eu gosto da bagunça.

Fale um pouco sobre seu modo de trabalho.

Meu modo de trabalho é o seguinte: surgiu uma idéia no meio de outro trabalho? Eu paro tudo e vou fazer a idéia, mesmo que isso implique ocupar duas mesas, o armário e o sofá, provocando uma bagunça geral. Os produtos que eu faço são muitos: cadernos, agendas, broches, chaveiros, colares, art toys, nécessaire, brincos, pulseiras. Procuro dar um charme extra! Fazer a diferença no detalhe, se diferenciar no meio de tanta coisa igual…

Você tem um ateliê?

Compartilho a sala de TV, que virou um grande ateliê. Vou dizer como minha mãe o descreve: Mafuá de gato; Canto da Bagunça; Instalação da Desordem… E por ai vai! Bem, se alguém se aventurar a visitar meu canto, vai encontrar de tudo! Não digo que sou bagunçada, mas na hora da criação a gente não pode parar pra arrumar! Tem que deixar fluir. Então é papel pra todo lado, recortes, feltros, cola, tesoura.

Você dá cursos?

Não. Mal sobra tempo pra fazer. Uma vez fui convidada para participar de uma revista chinesa, onde eu ensinaria a fazer um broche de florzinha com cheiro. Foi legal até.

Trabalha sozinha?

Sozinha! Bem, tenho várias colegas que também mechem com isso, que fazem bolsas e acessórios, além de conviver com artistas na faculdade, durante a semana.

Quais características você considera essenciais para considerar o resultado final como um bom trabalho?

Acabamento! Nada de linhas “pulando” pra fora, ou pontinhas de imagens que não foram coladas apropriadamente. E o fato de me agradar tanto a ponto de não querer colocar pra vender! Acredito que todas as técnicas de artesanato têm 100% de chances de ficar bonito e de dar certo. Agora, não é porque você fez tudo a mão que vai ser um bom trabalho. Além de bom gosto, ter que ter muito bom senso!

Há espaço para artesãos e produtos manuais num mercado inundado de falsificações e pirataria?

O artesanato já faz parte do Brasil, é quase uma marca registrada. Toda cidade tem seu artesanato, sua especialidade, o que é o máximo. Mas a pirataria é uma coisa que vai existir, querendo ou não. A não ser que o “feito à mão” pegue mesmo, faça moda, aí muita coisa muda; nada de produtos pirateados de grandes marcas, nada de falsificação. O artesanato vai ter aquele sentido de único, de valorização do trabalho local.

Você acha que é possível viver do artesanato?

É super possível viver exclusivamente do artesanato. Mas claro, que como todo trabalho, você tem que se dedicar. Existem os desafios, de ter uma meta de venda, produtos exclusivos, criatividade, e qualidade. Mas trabalhar com o artesanato proporciona uma ótima satisfação. É ótimo vender uma coisa que você mesma fez, melhor ainda quando você vê alguém usando o seu produto.

Que dicas você daria a quem quer começar?

Para quem quiser fazer bolsas, roupas e outros, recomendo fazer algum curso de corte e costura, para ter uma noção básica. Não compre todos os materiais de uma vez, compre apenas o necessário. E não desespere se não der certo na primeira peça. Tente várias vezes. Treine os pontos de costura na mão até obter um padrão. Faça moldes! Organize tudo. O resto, você aprende sozinho, com o tempo.

Que atributos definem um bom artesão?

Muita paciência! Quem não tiver paciência, vai durar pouco nesse ramo. Criatividade é essencial, originalidade também. Mas principalmente, gostar do que faz. Ter amor e orgulho de seus produtos.

Como você divulga seu trabalho?

Bem, eu vendo meus trabalhos em algumas lojas em minha cidade, onde sempre deixo meus cartões de visita. Além disso, divulgo pela internet, que é um ótimo lugar para divulgação. Já participei de algumas feiras e outros diversos eventos. Nesses eventos conheci clientes novos, e tive a chance de mostrar o que faço. Nunca fiz anúncios, principalmente porque minha marca é pequena, e também nunca fiz um site próprio por conta de estoque. O mais importante na divulgação é a descrição do produto, além de como você faz a propaganda. Dizer bem, e com vontade sobre o que você está vendendo, é sempre um bom negócio!

Você acha que a Internet pode ajudar na divulgação do seu trabalho?

Ah, e como! Emails, sites, fotologs. Existem tantos meios! Com a internet dá pra vender para todo o canto do mundo, e o melhor: sem sair de casa! Acredito que o Elo7 é uma ótima idéia. Claro que existem diversos outros sites de venda, mas nenhum brasileiro que direciona exclusivamente para o artesanato. E era disso que estávamos precisando. Para pequenas marcas, como a minha, não existe motivo para abrir um site por conta própria. Para mim era o que faltava.

Fale um pouco sobre você.

Adoro viajar! Um bom livro, cinema nos finais de semana, barzinho com os amigos, cerveja, música boa. Cozinhar! Adoro cozinhar! Cup Cakes, macarrão… Acho que todo mundo deveria ler Danuza Leão – Quase Tudo. Mulher sábia essa Danuza. Não vivo sem computador! Passo semanas sem ver TV, mas não passo um dia sem entrar na internet. É um vício! Tenho uma cachorrinha, a Phoebe. Ela é meu amor e minha companheira. Sempre que sento para costurar, ela senta do meu lado. Ela esta sempre por perto enquanto crio.

Sobre Elo7

Somos um time que é apaixonado por tudo que é criativo e feito à mão. Aqui no blog, trazemos dicas diárias para inspirar e ajudar no seu negócio criativo! Também organizamos oficinas e encontros em todo o Brasil. Conheça o Elo7!

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